António Guterres, secretário-geral da ONU, disse estar “gravemente alarmado” após o Gabinete de Segurança e Assuntos Políticos de Israel aprovar a ocupação da Cidade de Gaza o que significa, na prática, reprimir e repelir do norte para o sul da Faixa de Gaza, uma população de, aproximadamente, 1 milhão de palestinos.
No entanto, soa estranha esta declaração de António Guterres chegando, inclusive, a deixar “gravemente alarmado”, quem já está acompanhando quase dois anos de genocídio do povo palestino e pode constatar até aqui, a mais completa ineficiência não só da ONU como um todo, na mediação e resolução de conflitos internacionais, mas também a inoperância crônica de seu órgão judicial: a Corte Internacional de Justiça, que assiste passivamente os crimes de guerra cometidos pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que, de forma reiterada, fere as normas do direito internacional deixando, então, “gravemente alarmado” o mundo inteiro pela violação dos direitos humanos do povo palestino.
Não há como não ficar “gravemente alarmado” com infindáveis reuniões da ONU que, na prática, não resultam em sanções ao Estado de Israel, nem imputam responsabilidade a Netanyahu, pela carnificina que protagoniza.
De fato, fica-se “gravemente alarmado” quando Netanyahu executa o terrorismo de Estado convertendo Israel, então, em uma máquina de guerra para dizimar uma população inteira de palestinos e a ONU por meio de seu secretário-geral, António Guterres, se limita a anunciar que está “gravemente alarmado”, quando poderia ter comunicado que: os crimes de guerra em curso deverão ser, exemplarmente, punidos.
Aliás, fica-se mesmo e muito “gravemente alarmado” com a suposta inocência de António Guterres, pois, será que o secretário-geral da ONU não compreendeu?, que: a decisão de Israel de ocupar a Cidade de Gaza é tão somente o desdobramento, natural, de uma incursão militar, que não é devidamente condenada pela comunidade internacional.
Netanyahu, ao longo de quase dois anos do genocídio que pratica com prazer, pinta e borda; faz o que quer fazer; fez do assassinato do povo palestino seu esporte predileto, seu hobby preferido; diz, publicamente, que vai continuar a matar palestinos e encontra na comunidade internacional, o silêncio cúmplice e covarde do banho de sangue que promove.
Apenas Lula, o torneiro mecânico alçado à presidência do Brasil teve a coragem de comparar as atrocidades comandadas por Netanyahu com o genocídio de que os judeus foram vítimas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, realmente, foi a partir deste posicionamento do Brasil, que as vozes de outros líderes mundiais começaram, aos poucos, algum questionamento da matança do povo palestino e, hoje, apesar da reação internacional contra o ocupação da Cidade de Gaza, ainda é muito tímida a censura a Netanyahu pelos crimes que pratica deixando-me por isso, “gravemente alarmado”.
E fico “gravemente alarmado” não só com a negligência da comunidade internacional, mas com a negligência da ONU, que deveria envidar esforços robustos para por termo a esta guerra não só por meio de negociações, mas também por meio da aplicação das consequências, a quem fere o Direito Internacional cometendo crimes contra a humanidade como o que Netanyahu tem cometido, ao decidir dizimar o povo palestino.
A ocupação da Cidade de Gaza no calendário sangrento de Netanyahu está prevista para ocorrer até Outubro e isto é de deixar todo ser humano “gravemente alarmado” porque, assim, Netanyahu informa com todas as letras, nas barbas da ONU, que ao longo de alguns meses continuará massacrando o povo palestino expulsando-o do seu território, o que configura crime de guerra como também o é a determinação de Netanyahu de suspender a ajuda humanitária e, com isso, submeter os palestinos ao martírio da fome e desnutrição daí decorrente.
E eu, então, me pergunto “gravemente alarmado”, seja no céu ou na terra, que Deus ou homem, pode dar assentimento a tamanha selvageria de um governante?
Seja pela lei humana ou mesmo por mandamento divino o fato é que: provocar a morte de outrem está interditado.
Netanyahu afasta-se,inclusive, de Deus por desrespeitar as Dez Declarações (Dez Mandamentos) porque não obedece os seguintes preceitos “não matarás” e “não cobiçarás a casa do teu próximo”.
Ao buscar ocupar a Cidade de Gaza, Netanyahu, cobiça a casa do povo palestino e usa como método o assassinato em série para assegurar o êxito desta cobiça transgredindo,assim, as Declarações que, no Monte Sinai, Deus deu a Moisés e isto é de deixar qualquer um “gravemente alarmado”, pois, nesta perspectiva, Netanyahu age não só contra o povo palestino (exterminando-o) , mas também contra Deus (negando-O, na prática).
Ainda que se saiba que o judaísmo é majoritário ( 73,5%) e não a única religião dos judeus, dos quais 18,1% declaram professar o islamismo, 1,9% o cristianismo, 1,6% a fé drusa estando os 4,9% restantes entre as minorias religiosas como, por exemplo, o baháʼísmo, testemunhas de Jeová e adventistas do Sétimo Dia, é, por isso, também preciso dizer que: o amor ao próximo e tão distante da prática de Netanyahu é, no entanto, elemento comum nas religiões dos judeus e associado à Deus em todas elas.
Com efeito, ao ferir, simultaneamente, as leis que regem o Direito Internacional, a Declaração dos Direitos Humanos, as Dez Declarações (Decálogo) ou Dez Ditos (Mandamentos) do judaísmo, bem como o preceito do amor ao próximo presente nas diversas religiões adotadas pelos judeus, “gravemente alarmado” se ficará se, mais cedo ou mais tarde, Netanyahu, não vir a responder pelo genocídio que protagoniza.
Porém, as vítimas desta barbárie têm pressa e necessitam com urgência mais do que a mera ajuda humanitária.
Há necessidade que o povo palestino tenha reconhecido seu direito à existência e a existência de seu Estado que só poderá surgir com o fim da guerra e mediante o entendimento das partes envolvidas neste conflito.
A criação do Estado palestino e a punição exemplar de Netanyahu é a única solução coerente e justa após as atrocidades cometidas pelo Estado de Israel.
Com este propósito em nome da paz mundial, os governantes globais por meio de uma ONU ( que precisa ser reformulada para estar à altura desta tarefa histórica) com genuíno reconhecimento internacional e portadora de efetiva autoridade planetária deve desde já, ter a coragem para exigir a punição e condenar Netanyahu, condição indispensável a fim de reconhecer o direito do povo palestino de ter, finalmente, seu Estado.
No entanto, antes deste inevitável desfecho, talvez, ainda haverá a ocupação da Cidade de Gaza e é provável muito banho de sangue e matança, até a comunidade internacional reagir de forma contundente para coibir a continuidade deste genocídio, ocasião em que Netanyahu deverá mostrar-se “gravemente alarmado”, quando o mundo se levantar contra sua tirania que é contra Deus … ,que é contra o povo palestino e que é contra, inclusive, a razão.
Charles Gentil, Presidente do Diretório Zonal PT do Centro (15.08.19 a 15.08.25)