Ocorrerá neste sábado (24), no Centro Cultural Benjamin Péret (localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, 73, República) o debate organizado pelo Partido da Causa Operária (PCO) acerca dos sessenta anos da fundação da Rede Globo. Ao meio-dia, os companheiros podem almoçar no próprio CCBP e em seguida, assistir à análise de conjuntura feita pelo presidente nacional do partido Rui Costa Pimenta, e para fechar o dia de atividades no sábado, o debate, por ocasião do aniversário da emissora golpista, ocorrido no último dia 26. O partido convida todos que se encontram na Grande São Paulo a participarem presencialmente. Aos que não puderem comparecer, o debate será transmitido na íntegra pelo canal da COTV.

À época do golpe militar de 1964, o grupo de imprensa Globo abarcava apenas o jornal O Globo, fundado em 1925. Tratava-se de mais um jornal diário direitista, cuja circulação se dava principalmente no Rio de Janeiro. Ou seja, nada próximo do que é hoje: o maior conglomerado de comunicação da América Latina, e um dos maiores do mundo. Um grande tentáculo da dominação imperialista no maior país do hemisfério sul, o Brasil, que nunca teria sido grande coisa, não fosse, é claro, a Ditadura e o apoio dos monopólios estrangeiros.

Fundada por Roberto Marinho em 1965, a Rede Globo cresceu tanto por ser um braço propagandístico da Ditadura Militar, quanto pela sua associação pelo grupo norte-americano Time-Life. A íntima associação com o capital estrangeiro permitiu à emissora saltar à frente de seus (poucos) concorrentes no mercado televisivo nacional.

Importante ressaltar, que, na época, ainda havia restrições para a atuação de meios de imprensas estrangeiros dentro do Brasil. De maneira concreta, não poderia existir algo como a CNN Brasil, por exemplo. Ou seja, a Globo nasceu como uma espécie de laranja da imprensa estrangeira dentro do Brasil, diretamente ligada ao imperialismo norte-americano.

Enquanto a censura e a perseguição, que se aprofundaram com o AI-5, em 1969, acabaram com antigas redes de televisão como a TV Tupi, extinta em 1980 e comprada pelo Grupo Silvio Santos (outra cria da Ditadura Militar), e a TV Excelsior, extinta em 1970 devido a uma relação conturbada com o Regime Militar, a Rede Globo floresceu sob a proteção do Estado, em particular durante o período do “Milagre Brasileiro”, que tinha na Globo uma de suas maiores propagandistas. Já nos anos 70 havia se tornado o maior monopólio da imprensa brasileira, chegando a 80% (!) dos lares do País.

Com a mudança de política do imperialismo depois da Revolução Portuguesa (o giro “democrático” e a universalização do experimento neoliberal), a Globo passaria a desempenhar um papel um pouco diferente: manipular a opinião pública para fazer avançar a política neoliberal no País. Seu papel seria particularmente crucial nas eleições a partir do final dos anos 1970.

Por exemplo, em 1982 – ainda sob a Ditadura Militar -, ocorreram as primeiras eleições para governador em cerca de vinte anos, foram aí introduzidas pela primeira vez em território nacional as famigeradas urnas eletrônicas. A empresa Proconsult, ligada a homens da ditadura, estava encarregada das urnas no estado do Rio de Janeiro.

A fraude para impedir a eleição de Brizola foi tão grotesca, que teve de ser anulada. Na época, Roberto Marinho foi acusado de participar da fraude, dado o papel cumprido pelo grupo Globo em avalizar a eleição.

Depois da chamada “redemocratização”, a interferência nas eleições se aprofundou. A emissora monopolista foi crucial em fazer o “caçador de Marajás”, Fernando Collor, chegar à presidência em 1989, manipulando de maneira grosseira o debate entre o candidato neoliberal e o atual presidente.

A Globo cortou trechos em que Lula respondia com firmeza a Collor e deixou no ar apenas momentos em que ele parecia hesitante. Essa edição foi tão grosseira que até mesmo jornalistas da emissora, como Carlos Monforte, denunciaram a manipulação. Além de fazer uma intensa campanha contra Lula, enquanto vendia a ilusão de que Collor, parte da oligarquia rural do Nordeste ligada à ditadura, seria um “modernizador”.

Pouco antes das eleições seguintes, seria a vez do “Escândalo da Parabólica”, em que o mesmo Carlos Monforte estava envolvido. Antes de ir ao ar pelo Jornal da Globo, em conversa particular com seu cunhado, Rubens Ricupero – então ministro da Fazenda -, transmitida num canal particular da Embratel, Ricupero afirmou: “eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.

Já no governo FHC, a Globo serviu de propagandista daquele que certamente foi o pior governo na história do País. Enquanto procurava abafar escândalos, que pudessem prejudicar o governo, como o envolvendo o Banco Marka, a emissora fez uma campanha entusiástica em defesa da entrega do patrimônio nacional na forma de “privatizações”, se é que se pode chamar de privatização a “venda” ordens de grandeza abaixo do verdadeiro valor.

Depois da chegada do PT ao governo, em 2002, a Globo, capitã do chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista), serviu tanto para disciplinar o governo com intensas campanhas contra qualquer política mais progressista, quanto para efetivamente derrubar o governo petista como vimos durante o julgamento do Mensalão, o show de horrores da Lava Jato e campanha repulsiva contra a então presidente Dilma Rousseff.

A confusão atual vem justamente do fato de a Globo estar “atacando” a extrema-direita. O PT, por exemplo, vê, erroneamente, na emissora um aliado na luta contra o Bolsonarismo. Setores inteiros da esquerda dita revolucionária fazem só papaguear, com verniz esquerdista, o pseudo-progressismo identitário global. Está aí a necessidade do debate. É preciso relembrar o que é e o papel altamente negativo que cumpre este braço do imperialismo dentro do Brasil.

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Last Update: 22/05/2025