Na última terça-feira (22), fortes chuvas devastaram Ceilândia, no Distrito Federal, causando alagamentos, prejuízos materiais e transtornos no transporte público. A situação expôs a fragilidade da infraestrutura urbana na região, agravada por anos de negligência.
Morador do Pôr do Sol há 20 anos, José Roberto da Costa Barbosa descreveu ao Correio Braziliense: “foi uma situação horrível. Tenho uma filha de 20 anos que ficou sozinha em casa. A água invadiu tudo. Ela me mandava vídeo e eu, preso no trabalho, sem poder fazer nada. Alguns sapatos molharam, mas, graças a Deus, nada grave”.
Dono de uma mercearia, Samuel Evangelista relatou ao mesmo jornal: “um rapaz desceu com o carro e uma carretinha na avenida P3 e a água veio arrastando o veículo até aqui. Quando chove, o nosso medo é constante, porque fica intransitável”. Ele criticou soluções paliativas: “a administração tenta amenizar o problema com terra e cascalho. Mas a chuva vem e leva tudo de novo”. O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB), se defendeu:
“Já tínhamos identificado a necessidade dessa intervenção e finalizamos o projeto no fim do ano passado. Agora, com a licitação saindo em maio, vamos resolver de vez os pontos críticos de alagamento, especialmente nas regiões mais afetadas.”
Um relatório do Tribunal de Contas do DF (2023) aponta que 70% das áreas de Ceilândia carecem de sistemas de drenagem adequados, resultado de décadas de omissão dos governos estaduais e municipais com a manutenção da rede existente. Dados da Codeplan (2022) mostram que Ceilândia, com 500 mil habitantes, é a região mais populosa do DF, mas recebe apenas 8% do orçamento de infraestrutura.
A política neoliberal do governador Ibaneis Rocha, que prioriza parcerias com o setor privado e cortes em investimentos públicos, é a raiz do problema. Alinhado aos interesses de banqueiros, o governo distrital negligencia áreas populares como Ceilândia, deixando a população vulnerável a desastres recorrentes. Essa política criminosa, que coloca lucros acima das necessidades dos trabalhadores, perpetua o sofrimento dos moradores.