O “democrático” Congresso dos EUA aplaudiu de pé esta semana o supremacista e sionista Netaniahu, chefe atual do regime que já matou mais de 50 mil civis na Faixa de Gaza, incluindo mais de 20 mil crianças.
Isso em uma semana marcada por uma enorme agitação política em que, em meio à violenta crise, o partido dos bancos, dos monopólios da guerra e principal defensor do sionismo trocou de candidato para tentar se manter no governo. E no momento em que, poucos dias depois do anúncio de que o atual presidente norte-americano, Joe Biden, renunciaria à sua candidatura à reeleição pelo Partido Democrata, instalou-se em todo o mundo, graças ao monopólio da imprensa capitalista, uma enorme campanha em favor da candidatura da atual vice-presidente, Kamala Harris.
Sionista de saias
Na questão política mais fundamental do momento – a luta da resistência palestina –, não há como ter expectativas de que Harris tenha uma política mais amena que a de Biden. Ainda como senadora, em novembro de 2017, Harris reuniu-se com Benjamin Netaniahu para promover uma aproximação entre os dois países; ou seja, para aprofundar o envio de recursos à operação genocida dos israelenses na Palestina.
Harris também participou como palestrante em convenções do poderoso lobby sionista AIPAC em 2017, 2018 e 2019, sempre apoiando o financiamento contínuo de “Israel” por parte do governo norte-americano.
Como vice-presidente, tudo o que Harris disse sobre o morticínio em Gaza foi que “Israel” não teria feito o suficiente para “impedir a catástrofe humanitária”.
‘Policial’ e Porta-voz do imperialismo
Antes de se tornar parlamentar, Harris já era promotora da cidade de São Francisco e, posteriormente, como procuradora-geral do Estado da Califórnia. Foi exaltada como “policial de primeira linha” pelo jornal The New York Times. Se vangloriava, como promotora, de ter ampliado a “eficiência” de seu departamento, isto é, de ter aumentado em 52% a taxa de condenações entre 2003 e 2006. É claro que a maioria dos seus condenados eram negros e trabalhadores.
Como procuradora-geral do maior estado norte-americano, Harris despontou na defesa do sistema prisional que ajudou a lotar as prisões, colocando-se contra as decisões judiciais que condenavam a superlotação e os maus-tratos aos prisioneiros.
Como mulher negra, Harris foi em todas as oportunidades uma voraz defensora do aparato repressivo que esmaga a população negra norte-americana, a exemplo de Biden, que nos anos 1990, aprovou leis responsáveis pelo encarceramento em massa de dezenas de milhares de jovens negros.
A troca de Biden por Harris favorece apenas aos interesses dos grandes monopólios imperialistas que apoiam o Partido Democrata, que visivelmente não tinham mais condições de apresentar o decrépito Biden como concorrente de Donald Trump.
Representante dos setores mais débeis do imperialismo
Assim como Kamala Harris representa uma política genocida, que se choca com os interesses de toda a população mundial, Donald Trump também é um inimigo dos trabalhadores e representa os setores mais débeis do imperialismo norte-americano. Também defende o massacre na Faixa de Gaza, também é inimigo da esquerda e dos direitos democráticos. Ambos são, no final das contas, meros representantes das classes sociais que vivem da fome, da miséria, das guerras e de toda a desgraça humana.
Para os trabalhadores, a saída não consiste nem em apoiar a extrema direita, nem a burguesia que se diz democrática. É preciso total independência política para os trabalhadores. É preciso construir uma alternativa às duas faces da máquina genocida imperialista. É preciso rejeitar os falsos amigos dos trabalhadores, que, na verdade, são inimigos infiltrados, que vão causar muito prejuízo à luta.
Esquerda pró-imperialista
A escolha de Kamala Harris como substituta de Biden na corrida presidencial forneceu à esquerda pequeno-burguesa mais uma oportunidade para demonstrar a sua total e completa desorientação política.
Embora nem todos tenham conseguido a proeza da deputada Talíria Petrone (PSOL), que prometeu “eleger” Harris presidente – mesmo sem ter sequer o “título eleitoral” “made in USA”-, não foram poucos os que ao menos demonstraram simpatia pela candidatura democrata.
O que esses setores estão demonstrando claramente é o motivo pelo qual não defendem a Palestina. Afinal, defender a Palestina e, ao mesmo tempo, chamar a votar – mesmo sem ter qualquer influência sobre o eleitorado norte-americano – nas pessoas que estão matando os palestinos, é um contrassenso. É o mesmo que defender as pessoas enviadas ao campo de concentração de Auschwitz e chamar voto em Adolf Hitler.
Aqueles que defendem a candidatura de Kamala Harris, seja pelo pretexto que for, acabam caindo mais uma vez no truque da “democracia” versus “fascismo”. Um truque de mais de um século, centenas de vezes usado para desviar o voto popular de um candidato capitalista para outro candidato capitalista tão ou mais perigoso para os trabalhadores.
Um truque do qual o próprio Partido dos Trabalhadores (PT) já foi vítima inúmeras vezes no passado, servindo de trampolim para que o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) dominasse o regime político, como nas eleições em que a esquerda e o povo eram chamados a apoiar o “mal menor” – geralmente tucano -, que, na realidade, era o candidato preferencial da burguesia e do imperialismo e, portanto, mais perigoso, contra outros candidatos da direita, como Paulo Maluf.
Por uma alternativa independente
Essa política nada tem a ver com a luta contra o fascismo, é apenas uma manipulação que serve para colocar a esquerda a reboque de seus piores inimigos. É uma demonstração de falência total e completa por parte da esquerda.
Uma evidência da necessidade de sua superação e da construção e fortalecimento de verdadeiros partidos operários e revolucionários, independentes da burguesia em todo o mundo.