Nenhum herói, nem cidade sitiada

A política econômica do governo Lula tenta agradar a todos, mas não agrada a ninguém. De um lado, o mercado financeiro exige mais ajustes, mais cortes e mais ataques contra a população para garantir os lucros exorbitantes dos banqueiros. Do outro, o povo, que sofre com o desemprego, o alto custo de vida e a retirada de direitos, rejeita uma política que não atende às suas necessidades e, pelo contrário, agrava a miséria.

Os números falam por si. Pesquisa do Datafolha aponta que apenas 27% da população aprova a gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Economia, enquanto 34% consideram sua atuação ruim ou péssima.

Trata-se de uma expressão do descontentamento popular diante de uma política econômica de favorecimento do grande capital. É o caso, por exemplo, do pacote de cortes apresentado pela pasta recentemente que, dentre outras coisas, limita o aumento do salário mínimo pela primeira vez na história do Brasil.

Ao mesmo tempo, o mercado financeiro reage com hostilidade. Nessa terça-feira (17), o dólar atingiu um novo recorde em R$6,20, mesmo após intervenções bilionárias do Banco Central para supostamente conter sua escalada. Em um único dia, o BC injetou mais de US$3 bilhões no mercado à vista, um recorde histórico.

Essa reação demonstra que, apesar de todos os esforços para agradar aos banqueiros, o governo não consegue sequer a mínima aprovação desse setor, que insiste em exigir medidas ainda mais reacionárias.

Como disse Marco Oviedo, estrategista da XP Investimentos, o mercado vê no governo Lula uma resposta inadequada às suas demandas, o que gera cada vez mais insatisfação:

“É mais do mesmo mau sentimento da perspectiva fiscal combinada à má resposta que o governo tem dado, minimizando a reação do mercado. Então, vira um ‘loop’”, afirmou.

O governo Lula comete um grave erro ao priorizar, em sua política econômica, os interesses dos bancos em detrimento do povo que o elegeu. Ao ceder às pressões da direita e dos grandes capitalistas, o governo apenas fortalece seus adversários e afasta sua base social.

A manutenção dessa política, nesse sentido, não apenas agrava a crise econômica, algo que é culpa, em primeiro lugar, do imperialismo que, por meio do aumento do dólar, por exemplo, procura fazer o País de refém. Mas também, aumenta o risco de instabilidade política, deixando o governo vulnerável a golpes promovidos pelo imperialismo.

A solução está em romper com essa política de conciliação e adotar medidas que enfrentem diretamente os interesses do capital financeiro. É preciso suspender o pagamento da dívida pública, reduzir os juros, investir massivamente em saúde, educação e infraestrutura e atender às demandas populares.

Sem isso, o governo continuará sendo refém de uma política que não agrada nem gregos, nem troianos, e que pode levar ao seu colapso.

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