Nem todo político é administrador. CQA neles!

por Francisco Celso Calmon

Quando não falta vocação, falta conhecimento.

Tendo formação, sabe que ao chegar para gerir um órgão, pequeno, médio ou grande, a primeira tarefa é fazer uma radiografia organizacional e de recursos humanos, sem a qual não consegue realizar um diagnóstico e detectar os pontos fortes e os vulneráveis.

Em seguida realizar o planejamento estratégico do organismo, estabelecendo metas, conforme os cenários potenciais levantados no passo anterior.

Durante a realização do planejamento é necessário atribuir a função de controle de qualidade assegurada ou total (são conceitos), para evitar a “merda” alertada pelo xará Chico Buarque.

Além da administração precária, remontar que desde a ocupação do Brasil a corrupção se estabeleceu. A prática corrupta dos invasores, dos aventureiros e dos nobres portugueses, está na gênese da descoberta do Brasil.

E nunca foi estancada, pois dela se locupletam às classes dominantes, do colonialismo ao capitalismo. Civis e militares, homens e mulheres, brancos e negros.

A farra corrupta no INSS vai gerar a farra do Ciro-oportunista-Gomes.

São tantas coisas graúdas para se indignar e comentar, que o espaço é pequeno, e, juntando alhos com bugalhos da conjuntura, o risco de tornar um texto longo.

A normalização da corrupção e de charlatões apedeutas da política institucional fazem parte da cultura da construção do país.

Os esportes quando têm apostas, é só procurar que irá encontrar fraudes e subornos, tal como na política, a corrupção está entranhada na maioria dos partidos, portanto, quando se trata de uma ampla frente política, da esquerda à direita, e ainda os infiltrados da extrema-direita, as indicações para o governo estão sempre sujeitas a quadros de pretéritos corruptos.

Tanto o ex-ministro, Carlos Lupi, como o seu escolhido para chefiar o INSS têm históricos comprometedores. Aliás, ressalta-se, a farra INSS iniciou com Temer e mais ainda na gestão bolsonarista.

A equipe de transição do governo, além de queimações entre os membros, fez o quê?

Uma boa equipe não gastaria mais de um mês para realizar e obter esses produtos mencionados no início deste artigo, e o caso Lupi e INSS não chegariam a tanto prejuízo financeiro e político se aplicada essa técnica elementar.

A má condução administrativa movida pela corrupção é letal para o progresso que a nação merece.

Prisão com vistas para o mar e com todas as mordomias de um apartamento de 600m², no valor de R$9 milhões, para Fernando Collor de Mello é um deboche, um acinte, uma desmoralização do Judiciário, e, também, um alerta: nem Xandão, nem Barrosinho, nem Fux mata no peito, et caterva, têm independência e coragem para aplicarem a mesma regra para um filho das elites que aplicam nos filhos da periferia social.

Aliás, as famílias dos presos comuns, os movimentos de direitos humanos, as associações de operadores do direito, precisam se manifestar contra um STF que oscila entre o punitivismo e a complacência com os criminosos das classes dominantes, deveriam fazer uma marcha silenciosa contra a hipocrisia do sistema de justiça.

A prisão de luxo de Collor e a forma do asilo da ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, no Brasil, podem ser precedentes favorecedores para o Bolsonaro.

A título de especulação, imaginemos que um dia antes, ou um dia depois, da condenação do terrorista-golpista, ele receba prisão domiciliar em um dos seus vários imóveis, ou se asile na embaixada da Argentina, e vá fazer dupla com Milei em ataques permanentes, enquanto vigerem, ao Estado democrático do Brasil.

Como citei antes, o Chico Buarque, meio que na galhofa, mas certeiro na observação, sugeriu que fosse criado o ministério “vai dar merda”, creio que a sugestão está valendo ainda mais.

Traduzindo para a teoria da administração, evitamos os excrementos com a aplicação do conceito de Controle de Qualidade Assegurada ou Total, CQA ou CQT. Parta tanto, cada ministério deve ter um fiscal de qualidade para formar o comitê, que atuará de forma horizontal.  Não vou me alongar, porque teria que descrever muito sobre a matéria. 

A presidenta Dilma era acelerada em denúncias de corrupção, a imprensa denunciava e ela exonerava, ficou pautada pela mídia, Lula, ao contrário, deixa a mídia fritar e depois colhe o óleo queimado.

Pisa no acelerador, presidente Lula, e complete a reforma necessária.

Quem sabe faz a hora e nem sempre a cautela é boa conselheira, muitas vezes a ousadia se faz mister para vencer.

Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

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Last Update: 05/05/2025