‘Nem que eu arrebente o portão’: desembargador pediu a Bacellar ingressos para jogo do Flamengo

A Polícia Federal identificou “laços estreitos de amizade e confiança” entre o deputado estadual do Rio de Janeiro Rodrigo Bacellar (União), ex-presidente da Assembleia Legislativa, e o desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, preso nesta terça-feira 16 por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Um dos exemplos listados pela PF em um relatório encaminhado à Corte é um diálogo de 30 de novembro no qual o magistrado pediu ao deputado ingressos para o jogo entre Flamengo e Ceará, em 3 de dezembro, pelo Campeonato Brasileiro, no Maracanã. Foi a partida que sacramentou o título do Rubro-Negro, com uma vitória por 1 a 0.

Leia o início da conversa, conforme transcrição da PF:

A interação indica que os ingressos se destinariam ao irmão e ao sobrinho do desembargador. “Pode ficar despreocupado”, respondeu Bacellar, após afirmar que verificaria a “carga exata” de entradas a que teria direito. “Eu não vou mesmo, eu sempre fico de casa, entendeu? Eu gosto de ver jogo quieto”, justificou o deputado.

“A relação de intimidade entre Rodrigo Bacellar e o Desembargador Macário Júdice Neto chamou a atenção em razão das palavras de afeto e troca de declarações efusivas de carinho, que denotam confiança e lealdade”, diz o relatório da PF.

Em nota, a defesa do desembargador afirmou que Moraes “foi induzido ao erro” ao determinar a prisão. “Ressalto, ainda, que não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou sua prisão, obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a sua imediata soltura.”

A prisão de Macário ocorreu na Operação Unha e Carne 2, segunda etapa da ação que prendeu Bacellar no início deste mês o deputado, porém, foi solto por decisão da Alerj.

A diligência mira o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, que prendeu, em setembro, o então deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, o TH Joias, e outras 17 pessoas por suspeitas de envolvimento com facções criminosas. Júdice Neto era o relator do processo contra TH.

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