O presidente Lula participou neste sábado (22) das comemorações de 45 anos do Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença de ministros, governadores, parlamentares, representantes de movimentos e líderes partidários. A presidenta nacional do PCdoB e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, esteve na cerimônia.

O evento foi marcado por gritos do público de “Sem Anistia” em referência à cúpula dos golpistas do 8 de Janeiro que tenta se livrar de responder pelos seus crimes.

A presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann comemorou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 33 acusados.

“É um presente para a democracia essa denúncia contra Bolsonaro. Com provas e um farto material produzido pelos seus asseclas, Bolsonaro se sentará no banco dos réus. Será julgado pelo devido processo legal, coisa que não aconteceria se ele tivesse vencido a eleição. Nem por perto isso se compara, presidente Lula, com o que o senhor sofreu, com o que nós sofremos na operação conduzida por Sérgio Moro. Ali foram prisões ilegais, injustas, ilações e delações forjadas, por isso que temos que ser firmes nesse julgamento e ser firmes para que os responsáveis cumpram. Por isso é sem anistia para Bolsonaro e para aqueles que praticaram 8 de Janeiro de 2023”, afirmou Gleisi.

‘Sem anistia’

O presidente Lula também falou do caso e direcionou críticas aos donos das Big Techs, que tentam desestabilizar democracias e o judiciário em diversos países.

“Ninguém, nem esses produtores de plataforma que pensam que mandam no mundo, ninguém vai fazer com que a gente mude de rumo nesse país. Não adianta ameaçar pela justiça, não adianta perseguir o Alexandre de Moraes. Precisamos dar os parabéns ao Alexandre Moraes e ao Procurador-Geral da República pela denúncia contra os golpistas do 8 de Janeiro”, disse Lula.

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Sobre o pedido antecipado de anistia, Lula se mostrou inconformado com essa demanda antes mesmo de alguma condenação: “Agora estão pedindo anistia. Nem foram condenados e já querem ser anistiados, deviam estar pedindo era inocência, e não anistia. Eles serão julgados, se tiverem culpa serão condenados, e aí sim, vão ter que amargar o gosto das coisas que fizeram com muita gente inocente, até com a nossa presidenta Dilma que ficou presa na cadeia [em 1970]. Eles têm que saber que neste país a gente gosta da democracia, porque somente a democracia permite que um companheiro pobre da periferia possa ser candidato a deputado, possa ser senador, que um metalúrgico possa ser presidente da República”, ressaltou Lula ao dizer que é fundamental que a defesa da democracia seja o principal tema da militância.

Defesa do mandato e combate às fake news

Durante seu discurso, Lula fez uma ampla defesa desses dois anos de governo, passando por diversas medidas de reconstrução do Estado, arrasado pelo governo Bolsonaro. O presidente listou as políticas criadas, mas deu especial ênfase em acabar, novamente, com a fome no país até 2026.

No entanto, o presidente reconheceu que muito do que foi feito não chegou ao conhecimento da população, mas garantiu que este cenário irá mudar.

“Já fizemos nesses 2 anos mais políticas de inclusão social do que fizemos em oito anos [nos dois primeiros mandatos de Lula]. Lamentavelmente a gente não conseguiu fazer com que isso chegasse até vocês e se vocês não sabem não tem que defender […] E o que nós queremos é que vocês saibam cada coisa que nós fizemos, é muita coisa. Podem ter certeza, vamos terminar o mandato fazendo muito mais, porque senão eu não teria voltado a ser presidente do Brasil. Eu seria louco depois de ser aprovado com 80% voltar ao governo para ser um fracasso. Esse ano é o ano da colheita. E vocês vão perceber quantas coisas para se orgulhar”, explicou.

Para alcançar a ampla divulgação das realizações do governo, Lula pediu o enfrentamento das fake news pelos militantes.

“É preciso ter coragem para enfrentar as fake news. A gente não pode receber mentira e divulgar a mentira. É preciso que a gente cuide, cada um de nós. A internet permite que cada um de nós seja um combatente, um soldado, ninguém é obrigado a ficar acreditando nas sandices que as pessoas falam”, disse Lula, que em seguida direcionou críticas aos governos dos Estados Unidos, em especial ao presidente Donald Trump, por criar um ambiente de desinformação generalizado.

Extrema direita e plataformas digitais

Na sua fala, Lula ainda lembrou que quando seu partido vendeu o PSDB, eles foram para oposição e tanto ele como Dilma governaram. No entanto, agora observa que a oposição é a extrema direita que se organizou e deve ser combatida.

“Agora temos um extrema direita radicalizada, mentirosa, tem a maior desfaçatez e não tem medo de falar qualquer calúnia. Todo mundo é ofendido todo dia. A gente não pode tratá-los como se eles fossem corretos. Cada militante dos partidos de esquerda tem que saber que nós estamos numa guerra. É nós contra as plataformas digitais. Onde já se viu, o vice-presidente norte-americano foi na Alemanha fazer um discurso e defender a extrema direita. Isso nunca aconteceu e se deixarmos isso acontecer o que vai ocorrer é um maior risco para a democracia”, afirmou o presidente Lula.

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Last Update: 22/02/2025