Nem aqui, nem na China e o retrato da esperança
por Aroldo Joaquim Camillo Filho
“Nem aqui, nem na China” Talvez tenha sido essa a primeira vez que eu tenha ouvido falar, quando criança e Dona Dalva me repreendendo por algo, sobre a (China). Mais tarde, já estudante, a história dava conta da visita de Jango, vice-presidente do Jânio, à China, deu no que deu. Mas finalmente eu fui para a China, a trabalho, convidado por um cliente que foi participar do Seminário Empresarial China-Brasil, que aconteceu em paralelo ao Fórum China-CELAC e culminou com a Declaração de Pequim.
Nesse meio tempo, entre a Dona Dalva e Jango até hoje, muita água rolou. Os mistérios das artes marciais, do Budismo, do Comunismo, do “facínora” do mal, dos comedores de cachorro, insetos, das roupas iguais para todos, na China é assim, na China é assado, muita coisa mudou, não na China afinal são milenares, na nossa cabeça.
Cheguei num dos maiores aeroportos do mundo, e olha que já dei umas bandolas e conheço um tantinho. Me aguardava um representante da empresa anfitriã que sem dizer uma palavra me dirigiu ao carro e me deixou no hotel, um desses de marca mundial, era antes do almoço. A recepção no hotel já foi uma amostra do que eu iria passar, afinal porque eu não falo chines eles têm que falar inglês que nem é a minha língua? Essa diáspora se resolve na inteligência artificial.
Em seguida me levaram a um almoço que já haviam agendado, não sem antes passarem todos nas lojas (da Apple e da Nike), e veio o primeiro impacto cultural, a comunicação!!! Eu era capaz de virar o mundo, mas me comunicar ali era, senão totalmente, quase impossível. Uma língua tonal em face de nossas línguas ocidentais, quaisquer delas, e que me dei conta que nem um “olá” em Chines eu saberia dizer, sendo a recíproca verdadeira. Um segregacionismo forçado de parte a parte, desde o início do século XX, acrescido de ranços do pós guerra e da guerra fria. Nisso os Jesuítas não me ajudaram.
Nessa noite fomos convidados para jantar com um chines “empresário” de um jogador de futebol latino americano que falava português e já dava o tom. Eles sabem mais da gente do que nós sabemos deles. Isso parece coisa de avestruz, enfiamos a cara no buraco por décadas, e nem quero falar das emas. Nós fizemos de conta que eles não existiam, mas eles não.
Dai em diante foi o dia dos debates do fórum, nem me estendo aqui porque, contra ou a favor, todo mundo já sabe o decidido. E, ao final e ao cabo, o mundo mudou! E eu estava lá, na hora! Adeus Doutrina Monroe, bem vindo BRICS e mundo multipolar; Eu vi! Eu vi meu presidente, na China, diante de mais da metade do mundo, jogando a folha do discurso pronto fora, e falando de “repente”.
Ah! Mas ainda tem que ser considerado que nesse bloco não bloco, já que multipolar, temos nossa presidente mulher. Sim, mulher pode!
Dai me lembrei da esperança que venceu o medo. Esperança, filha de um amigo, pequena, ouvia na televisão nosso presidente dizer que “A Esperança venceu o Medo” e ela tinha certeza que ele, Lula, falava com ela pela televisão, e ela venceu o medo. E o Brasil também. A consequência foi inevitável. Como aconteceu com a Esperança, com Brasil, acontece agora no mundo, a esperança venceu o medo.
Um desejo da Esperança é um retrato com o Lula, o mundo já tem seu retrato com ele, mas a Esperança, que tanto ouviu dele e que perdeu o medo, ainda não. Eu torço pelo retrato.
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