Por Nelice Pompeu*
Mulheres Vivas é mais do que um chamado.
É o grito de um país que não suporta mais ver vidas interrompidas todos os dias.
A violência contra as mulheres atingiu proporções inaceitáveis.
O que aparece nos noticiários não são meros números. São histórias despedaçadas, famílias destruídas e futuros arrancados.
Em um cenário tão grave, o silêncio não é opção.
Ocupar as ruas é questão de sobrevivência!
Por isso, neste domingo, 7/12, vamos transformar indignação em presença e dor em movimento coletivo.
Cada mulher que se levanta carrega todas as que já não podem estar aqui.
Cada aliada que se junta fortalece a certeza de que essa luta é pela nossa dignidade, pela nossa justiça e pela nossa vida.
Estamos em mobilização nacional.
Em capitais e municípios de todos os estados, mulheres diversas se articulam porque entenderam que nenhuma de nós está segura enquanto a violência for tratada como rotina.
Esta é uma convocação de urgência. Se trata de sobrevivência.
É sobre Taynara, Allane, Layse, Catarina, Lais e tantas outras que tiveram suas histórias interrompidas. É sobre todas que resistem diariamente dentro e fora de casa.
Queremos políticas públicas efetivas, investigações sérias, acolhimento real, medidas protetivas que funcionem e responsabilidade do Estado.
Queremos que o país reconheça que a vida das mulheres importa e a misoginia não pode seguir impune. Queremos viver sem medo.
Em 2024, o Brasil registrou 1.450 feminicídios, o que significa quatro mulheres assassinadas por dia.
Mais de três milhões sofreram violência doméstica e quase duzentos estupros ocorrem diariamente, muitos dentro da própria casa. Esses números são gritos de emergência que o país não pode continuar ignorando.
Em São Paulo, o governo anunciou cortes de 54% no orçamento de 2026, justamente no orçamento das políticas de combate à violência que deveriam garantir proteção e prevenção.
Isso acontece justamente quando o estado registra um feminicídio a cada dois dias.
Cortes quando mulheres tombam. Cortes quando meninas gritam por socorro. Cortes quando a violência torna impossível fingir normalidade.
Nos últimos dias, o país assistiu a episódios que expõem a profundidade desta crise. Catarina Karsten, assassinada quando seguia para uma aula de natação.
No Rio, Allane Pedrotti e Layse Pinheiro, mortas dentro do Cefet por um homem que se recusava a ser chefiado por mulheres.
Em São Paulo, Tainara Souza Santos, atropelada e arrastada por um quilometro. Perdeu as pernas. Quase perdeu a vida.
Lais Angeli Gamarra, obrigada a deixar sua cidade após denunciar agressão e tentativa de estupro do influenciador conhecido como Calvo do Campari.
Enquanto estas palavras são escritas, outras mulheres são ameaçadas, agredidas, perseguidas e silenciadas.
Enquanto os cortes avançam, as tragédias se acumulam. No Brasil, basta ser mulher para viver sob risco constante.
Esse cenário é alimentado por um machismo que atravessa toda a sociedade. É uma construção cultural profunda e também reproduzida por muitas mulheres. A misoginia precisa ser enfrentada por todas e todos sem exceção.
O enfraquecimento das políticas públicas agrava essa violência. Quando o Estado reduz recursos, desmonta programas e deixa casas de acolhimento sem estrutura, a consequência é imediata. Menos atendimento, menos prevenção, menos proteção. Cada corte orçamentário empurra mulheres para mais vulnerabilidade.
O que mais precisa acontecer para que este país compreenda que vivemos uma epidemia de violência de gênero?
Uma epidemia cometida por homens que se sentem autorizados a dominar, ferir e matar.
Uma epidemia fortalecida pela impunidade, pelo machismo arraigado e agravada por um Estado que muitas vezes chega tarde demais.
Não podemos assistir como telespectadoras de uma tragédia sem fim.
A omissão é cúmplice. O silêncio alimenta a violência. A revolta precisa se transformar em corpo, voz e rua.
Por isso, no domingo, vamos todas para a Paulista. Vamos gritar o que está entalado na garganta de milhões.
Queremos viver. Queremos todas vivas. Queremos políticas públicas com orçamento real, delegacias que acolham, investigações sérias, educação para igualdade, responsabilização de agressores e proteção efetiva para mulheres ameaçadas.
O país inteiro está se levantando. Este é o maior levante feminino dos últimos anos porque não há mais espaço para tolerar o intolerável.
A revolta precisa se transformar em luta organizada para exigir responsabilidade e prioridade verdadeira na proteção de quem vive diariamente sob ameaça apenas por ser mulher.
Venha com sua voz, sua indignação, sua história, seu luto, sua força. Venha por você ou por alguma mulher que você ama. Venha porque basta ser mulher para viver sob risco constante e isso não pode ser aceito.
Domingo é rua. Domingo é luta. Domingo é por mulheres vivas.
7 de dezembro
Concentração 12h
início às 14h
MASP Avenida Paulista
Traga sua bandeira, sua voz e sua coragem. Cada presença importa. Cada passo e cada cartaz constroem o levante que o Brasil precisa ouvir.
Por Catarina
Por Allane
Por Layse
Por Tainara
Por Lais
Por todas que tiveram sua história interrompida
Por nenhuma a menos
*Nelice Pompeu é professora, promotora legal popular e integrante do Movimento Escolas em Luta
LEVANTE PELA VIDA DAS MULHERES – AGENDA DE ATOS
NORDESTE
Bahia
Arraial d’Ajuda/BA – Praça do Santiago – 9h
Vitória da Conquista/BA – Feirinha do Bairro Brasil – 9h
Salvador/BA – Barra (Cristo ao Farol) – 10h (14/12)
Piauí
Parnaíba/PI – Parnaíba Shopping – 16h
Teresina/PI – Pça Pedro II – 17h
Ceará
Fortaleza/CE – Estátua Iracema Guardiã – 16h
Juazeiro do Norte – 8h – Mercado Pirajá
Natal/RN – Mercado da Redinha – 9h
Maceió/AL – Pça Sete Coqueiros – 15h
Recife/PE – Rua da Aurora, ginásio Pernambucano – 14h
São Luís/MA – Pça Igreja do Carmo – 9h
Aracaju/SE – Arcos da orla – 8:30
NORTE
Amazonas
Manaus/AM – Praça do Congresso – 17h
Parintins/AM – Catedral (centro de Parintins) – 16h30
Boa Vista -Roraima / Parlatório da Assembleia. Legislativa- 16:30h.
Pará
Marabá/PA – Praça da Marabá Pioneira – 18h
Santarém/PA – Praça Tiradentes – 17h30 (dia 10/12 – quarta)
Boa Vista/RR – Tribuna em frente à ALE-RR – 16h30
Palmas/TO – Feira do Bosque – 17h
SUDESTE
São Paulo
Araraquara – Praça Santa Cruz – 9h
Bauru – Delegacia da PF – 9h30
Botucatu – Praça da Pinacoteca – 10h
Campinas – Estação Cultura – 9h
Ilhabela – Praça Elvira Estoraci – 16h
Praia Grande – Estátua de Yemanjá, Mirim – 10h
São Paulo – Vão Livre do MASP – 14h
Santos – Praça das Bandeiras – 10h
São Carlos – Praça XV de Novembro – 16h
São José dos Campos – Largo São Benedito – 15h
São José do Rio Preto – Praça Rui Barbosa – 9h
Sorocaba – Parque das Águas – 10h
Ubatuba – Pista de Skate – 11h
Minas Gerais
Belo Horizonte – Praça Raul Soares – 11h
Ouro Preto – Praça Tiradentes – 15h
Cambuquira – Praça da Biblioteca (café coletivo) – 10h
Cataguases – Praça Santa Rita – 10h
Divinópolis – Praça do Planalto – 8h30
Juiz de Fora – Escadaria da Câmara – 15h
Perdões – Praça da Matriz – 14h
Poços de Caldas – Parque da Zona Sul – 15h
Pouso Alegre – Praça Senador José Bento – 11h
Sete Lagoas – Lagoa Boa Vista – 10h
Santa Rita do Sapucaí -Pracinha da Câmara – 10h
São João del Rei – Sinal da Leite de Castro com a Frei Cândido – 14h
Tiradentes – Largo do Rosário – 17h
Uberaba – Concha – 14h
Uberlândia – Av. Monsenhor Eduardo esquina com Rua Buriti Alegre – 10h
Rio de Janeiro/RJ – Copacabana (Posto 5) – 14h
Vitória/ES – Praia de Camburi – 15h
CENTRO-OESTE
Brasília/DF – Feira da Torre de TV – 10h
Goiânia/GO – Pça Universitária – 15h
Mato Grosso do Sul
Campo Grande/MS – Av. Afonso Pena – 9h
Paranaíba/MS – Feira da Praça da República – 8h
SUL
Porto Alegre
Porto Alegre/RS – Praça da Matriz – 17h (06/12)
Santa Maria/RS – Praça Saldanha Marinho – 09h (dia 13/12)
Santa Catarina
Chapecó – Praça Coronel Bertaso – 14h
Concórdia – Praça Dogello Goss – 10h
Florianópolis – Cabeceira da Ponte Hercílio Luz – 13h
Garopaba – Café Mormaii – 9h
Itajaí – Praça da Beira Rio – 14h
Brusque – Praça Sesquicentenário – 13h
Blumenau – Escadaria Igreja Matriz – 15h
Tubarão – Praça Walter Zumblick – 17h
Curitiba/PR – Praça João Cândido / Largo da Ordem – 10h