Um navio com ajuda humanitária e ativistas rumo à Faixa de Gaza foi atingido por drones em águas internacionais próximas a Malta na madrugada desta sexta-feira, segundo os organizadores da missão, que atribuíram o ataque a Israel.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel não respondeu de imediato ao pedido de comentário feito pela coalizão Freedom Flotilla, grupo internacional não governamental responsável pela embarcação.

O governo de Malta informou que o navio e sua tripulação estavam seguros após a atuação de um rebocador próximo que realizou operações de combate ao incêndio. Apesar disso, a ONG e a ativista sueca Greta Thunberg afirmaram que a embarcação ainda corria perigo.

Thunberg disse à Reuters que estava em Malta e que deveria embarcar no navio como parte da ação organizada pela Freedom Flotilla em apoio a Gaza, que está sob bloqueio e bombardeio de Israel.

A ONG divulgou um vídeo gravado durante a noite, que mostra um incêndio no navio Conscience, além de luzes no céu e sons de explosões.

“Os embaixadores israelenses devem ser convocados para responder por violações do direito internacional, incluindo o bloqueio contínuo de Gaza e o bombardeio de nossa embarcação civil em águas internacionais”, declarou o grupo.

O governo maltês informou que as autoridades marítimas receberam um pedido de socorro pouco depois da meia-noite, horário local, de um navio fora de águas territoriais, com 12 tripulantes e quatro civis a bordo, relatando um incêndio. Um rebocador próximo foi enviado para o local e iniciou as operações de combate ao fogo, com apoio de uma patrulha marítima maltesa. Após várias horas, a embarcação e sua tripulação foram consideradas seguras. Ainda assim, a tripulação se recusou a embarcar no rebocador.

Segundo a Freedom Flotilla, os supostos ataques com drones causaram “um grande rompimento no casco”. O grupo afirmou que o alvo teria sido deliberadamente o gerador da embarcação, deixando a tripulação sem energia e colocando o navio em risco de afundar.

A porta-voz do grupo, Caoimhe Butterly, disse que o ataque ocorreu no momento em que o navio se preparava para receber ativistas de outra embarcação. Por questões burocráticas, o embarque aconteceria em alto-mar, e não em porto.

Greta Thunberg afirmou que, até onde sabia, o navio permanecia no local do ataque e seguia em risco iminente. “Esse ataque causou uma explosão e danos graves à embarcação, tornando impossível a continuação da missão”, disse em entrevista por videoconferência. “Fazia parte do grupo que deveria embarcar hoje para continuar a viagem até Gaza, em mais uma tentativa de abrir um corredor humanitário e de contribuir para romper o cerco ilegal imposto por Israel à Faixa de Gaza.”

Thunberg e a ONG disseram que havia 30 pessoas a bordo do navio, e não 16, como informou o governo de Malta. A coalizão destacou que a ação era não violenta e estava sendo realizada sob sigilo de imprensa para evitar sabotagens.

A guerra em Gaza teve início após o ataque de militantes liderados pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e levou 251 reféns para Gaza, segundo dados israelenses. Desde então, a ofensiva israelense já matou mais de 52 mil pessoas, segundo autoridades de saúde palestinas.

Desde 2 de março, Israel cortou completamente o fornecimento de suprimentos para os 2,3 milhões de habitantes do enclave, e os estoques de comida acumulados durante a trégua no início do ano praticamente se esgotaram.

Outro navio da mesma coalizão que tentou chegar a Gaza em 2010 foi interceptado e abordado por tropas israelenses, resultando na morte de nove ativistas. Outras embarcações em missões semelhantes também foram detidas, mas sem vítimas fatais.

O Hamas divulgou comunicado sobre o ataque próximo a Malta, acusando Israel de “pirataria” e “terrorismo de Estado”.

Christopher Scicluna e Ilze Filks
Christopher Scicluna é correspondente em Valeta, e Ilze Filks atua em Estocolmo; ambos são jornalistas da Reuters.
2 de maio de 2025
Reuters

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Last Update: 02/05/2025