Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Por mais um ano o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizará em Maceió (AL) o Natal Sem Fome, iniciativa que organiza distribuição de alimentos no período de fim de ano junto às comunidades das periferias da cidade, com os frutos do que é produzido nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária de todo o estado. Em 2025, os alimentos serão doados a partir de Cozinhas Solidárias organizadas em diferentes bairros da capital, com a expectativa de ultrapassar 1000 refeições doadas nesta sexta-feira (19).
“Esse ano nosso Natal Sem Fome ganha um ingrediente ainda mais especial que é a força e organização comunitária das Cozinhas Solidárias em Maceió, que se reafirmam como um espaço de fortalecimento das comunidades e de combate à fome nestes territórios”, explicou Weldja Marques, da coordenação do Natal Sem Fome em Alagoas.
De acordo com Weldja, quatro cozinhas vão preparar as refeições com alimentos doados pelos camponeses e camponesas, em um cardápio que mistura luta e resistência. “Dos acampamentos e assentamentos do MST, as Cozinhas Solidárias vão receber a doação de 5 toneladas de alimentos produzidos sem veneno para a partilha nos bairros de Maceió”.
Além da doação vinda das áreas de Reforma Agrária, o Natal Sem Fome no estado contou ainda com a contribuição de amigos, apoiadores e parceiros da luta contra a fome e defensores da agricultura familiar e camponesa. A campanha de arrecadação financeira da iniciativa bateu a marca de R$2.500,00, que será destinada à organização das refeições nas Cozinhas, além do envolvimento de dezenas de voluntários e voluntárias.
“O Natal Sem Fome é mais um momento de articulação de uma rede de solidariedade que conecta o campo com a cidade e, mais uma vez, teremos a possibilidade de ocupar Maceió com a diversidade da produção de alimentos do MST, mas especialmente com o sentimento de partilha, comunhão e organização coletiva, tão necessário e presente nesse período de final de ano”, refletiu Weldja.
Com atuação no campo da religiosidade, no trabalho com a cultura, educação e organização de crianças, adolescentes e jovens, todas as Cozinhas Solidárias envolvidas no Natal Sem Fome em 2025 possuem uma característica em comum: atuam também na perspectiva do combate à fome em seus territórios de origem, assumindo esta como também uma bandeira de sua organização comunitária.
Conheça um pouco da história de cada uma delas.
Cozinha União Solidária – Parque dos Caetés, Benedito Bentes
Organizada pela União por Moradia Popular de Alagoas, entidade sem fins lucrativos, com atuação desde 2001, com objetivo de defender a política habitacional, regularização fundiária, direito à cidade com inclusão e participação popular, a Cozinha União Solidária surgiu em 2020 na ocupação Alcir Matos no Conjunto Aprígio Vilela, a partir das necessidades impostas pela pandemia da COVID-19. Com a conquista da moradia das 300 famílias em 2022, o problema da insegurança alimentar seguiu na comunidade e a atuação da Cozinha foi fundamental no período, com distribuição de sopa e cestas básicas. Em 2023 a Cozinha foi habilitada pelo programa “Cozinhas Solidárias” do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Cozinha Solidária da Paróquia Vétero Católica – Gama Lins, Cidade Universitária
Organizada pela Igreja Vétero Católica em Alagoas e no Brasil, atende há 23 anos dezenas de famílias na região com atividades educacionais e sociais, além de atendimento médico. A Cozinha também serve como espaço de distribuição de alimentos para a comunidade.
Cozinha Solidária do Ile Axé Vodum Tó Òmó Akuera – Colina 2
Comunidade religiosa de matriz africana que desenvolve ações de educação e cultura na região. A organização fará distribuição em praças para a população em situação de rua.
Cozinha Solidária Jovens em Caminho – Vergel do Lago
A ONG Jovens em Caminho, atua nas comunidades da Favela do Peixe, Conjunto Joaquim Leão e o Conjunto Virgem dos Pobres, desde 2009, atendendo famílias da região, com atividades de educação infantil, artesanato, lazer, reforço, esportes e outros.
*Editado por Fernanda Alcântara