Ator e personagem que se fundem na narrativa, que parte de relatos de sua vivência como pessoa periférica na infância e adolescência, evocando temas como o silenciamento de comunidades subalternizadas e o desprezo por meio de uma ideia falsa de visão universal. A peça propõe uma reflexão urgente a respeito das relações sociais e, sobretudo, humanas.

Uma reflexão sobre intolerância, identidade periférica e a noção de pertencimento criada a partir da leitura do romance “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório e “Pertencimento: Uma Cultura do Lugar”, de bell hooks: esse é “Não Tem Meu Nome”, monólogo escrito, dirigido e interpretado por Adelino Costa que faz curta temporada no Cemitério de Automóveis (Rua Francisca Miquelina, 155) a partir do dia 2 de abril, quarta-feira, 20h30.

O espetáculo foi desenvolvido a partir da pesquisa de conclusão do curso de Pós-Graduação em Direção Teatral na FPA, sob orientação do Prof. Dr.Marcelo Soler. Adelino Costa, seu criador, é ator, produtor e diretor com mais de duas décadas de experiência nos palcos. A obra tem suas raízes na experiência pessoal de Adelino, que cresceu na COHAB de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre.

Ao longo do processo criativo, o artista resgatou memórias de sua infância e observou os desafios enfrentados pela população local, como barreiras sociais, econômicas e geográficas. Essa imersão resultou em personagens inspirados em amigos de infância e no próprio autor, que exploram como as comunidades subalternizadas se adaptam para se encaixar em uma sociedade predominantemente burguesa e branca. A dramaturgia questiona a suposta universalidade dessa visão de mundo e revela suas camadas de opressão.

Se o espetáculo conseguir provocar no público 10% da reflexão que o processo me proporcionou, aposto que sairá tocado pela proposta“, afirma Adelino. Para viabilizar a montagem, o artista contou com o apoio da Galeria Olido e da Braapa Escola de Atores. A encenação se estrutura em uma linguagem minimalista, onde o ator interage com objetos, luz e trilha sonora para construir a narrativa.

Algumas das outras referências teóricas e literárias citadas por Adelino na criação do espetáculo são Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio), Djamila Ribeiro (Pequeno Manual Antirracista), Chimamanda Ngozi Adichie (No Seu Pescoço), Itamar Vieira Júnior (Torto Arado), Cida Bento (O Pacto da Branquitude), Zygmunt Bauman (Identidade), Grada Kilomba (Memórias da Plantação) e Frantz Fanon (Pele Negra, Máscaras Brancas). Já na cinematografia, Adelino destaca os longas Marte Um, de Gabriel Martins, e o documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo.

Sinopse

Em Não Tem Meu Nome, o público é recebido pelo ator e personagem que se fundem na narrativa. A partir de relatos de sua vivência como pessoa periférica na infância e adolescência, o performer apresenta uma dramaturgia que mistura ficção com elementos e fatos reais, trazendo questões como o silenciamento de comunidades subalternizadas por uma visão particular de mundo que mascara a violência, desprezo e crueldade por meio de uma ideia falsa de visão universal. O ator solitário no palco, utiliza-se de elementos narrativos para contar relatos que propõem uma reflexão urgente a respeito das relações sociais e, sobretudo, humanas. Colocadas todas as reflexões, ao fim, em um depoimento pessoal, revela-se a sua principal necessidade de criação desta obra.

Autor

Sobre Adelino Costa

Pós-Graduado em Direção Teatral. Ator e produtor há 22 anos. Gaúcho radicado em São Paulo desde 2010. Integrou a Cia Teatro di Stravaganza, de Porto Alegre, entre 2007 e 2012.

Ao longo da carreira, dirigiu três espetáculos e atuou em mais de quinze produções. Em 2008, com a montagem de “A Comédia dos Erros”, venceu a categoria de Melhor Espetáculo no Prêmio Braskem e também no Prêmio Açorianos de Teatro, nesse foi indicado como melhor ator coadjuvante e produtor.

Como produtor, contribuiu em três edições do Festival Internacional Porto Alegre Em Cena, onde teve oportunidade de trabalhar com grandes nomes do teatro mundial e nacional, como Ariane Mnouchkine, Bob Wilson, Peter Brook, Pina Bausch, Antunes Filho, Zé Celso e Grace Passô. Trabalhou ainda, em cinco edições da Feira do Livro de Porto Alegre, além das Produtoras Opus Promoções, Chaim Produções e Fixação Cultural. Em 2012, produziu a Ópera “Pelléas e Mélisande”, direção de Ivacov Hillel, no Teatro Municipal de São Paulo.

Ficha Técnica

Atuação/direção/dramaturgia: Adelino Costa
Iluminação/operação de luz: Thatiana Moraes
Orientação coreográfica: Fefê Marques
Confecção figurinos: Paula Gascon
Fotos: Cristiano Pepi
Assessoria de imprensa: Pevi 56
Produção executiva: Natália Sanches e Adelino Costa

Serviço

Temporada: 2 a 30 de abril, quartas-feiras, 20h30
Local: Cemitério de Automóveis – Rua Francisca Miquelina, 155
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$40 (inteira) e R$ 20 (meia).
🚨À venda pelo Sympla (adquira a meia-entrada e apresente o flyer deste texto na entrada)

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Last Update: 06/03/2025