
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, responsável pela acusação na trama golpista, detalhou nesta terça-feira (2) durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que atacaram as instituições democráticas e ministros da corte. Ele pediu a condenação de Bolsonaro e outros sete réus.
Gonet revisitou os discursos de Bolsonaro durante as comemorações de 7 de setembro de 2021, quando o ex-mandatário discursou para milhares de apoiadores na Avenida Paulista. Segundo o procurador, “aproveitando do prestígio da data cívica, o então presidente tornou a insuflar a militância contra os ministros do STF e do TSE. Em mais de uma etapa do plano da subversão da ordem constitucional. Em seu pronunciamento da Avenida Paulista, de novo atacou o sistema eletrônico de votação, qualificando como farsa”.
Na ocasião, Bolsonaro criticou o Tribunal Superior Eleitoral e ministros do STF com frases como: “Não poderia participar de uma farsa dessa patrocinada pelo TSE”, e “só saio preso, morto ou com vitória, quero dizer aos canalhas que não serei preso”.
❗🇧🇷 PGR lembra que Bolsonaro chamou juízes de canalhas e afirmou que nunca seria preso
Enquanto manifestantes pediam por intervenção militar, o ex-presidente promoveu uma ”escalada verbal” contra as instituições, sustentou Paulo Gonet durante o julgamento histórico. pic.twitter.com/FiTPiNwqwk
— RT Brasil (@rtnoticias_br) September 2, 2025
Para a PGR, essas declarações não devem ser interpretadas como incidentes isolados, mas como parte de um projeto autoritário do ex-presidente.
“O presidente incitava desabridamente a animosidade contra o poder Judiciário e seus integrantes. A escalada verbal foi acompanhada por manifestações organizadas, que apareciam faixas com pedido de intervenção militar. Foi nesse contexto que Bolsonaro tornou pública, no dia da pátria, a sua recusa, em aceitar uma alternância democrática de poder”, acrescentou Gonet, reforçando a gravidade das ações de Bolsonaro na época.
A sessão também trouxe posicionamentos de Alexandre de Moraes, relator do caso, que afirmou: “Corte não aceitará coações”, em referência a pressões externas, incluindo do governo estadunidense, de Donald Trump. Em outro recado, o ministro reforçou que “soberania jamais será negociada” e destacou ainda que “omissão e covardia não são opções à pacificação”, reforçando a postura firme do STF diante das tentativas de intimidação e ataques verbais de Bolsonaro.
Por fim, Gonet ressaltou que as críticas de Bolsonaro ao sistema de votação foram baseadas em premissas viciadas e descontextualizadas, sem provas reais. “Sempre desfeitas pela Justiça Eleitoral de modo nunca contestado na sua exatidão técnica”, afirmou o procurador, reafirmando que a narrativa de fraude eleitoral não possui sustentação jurídica.
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