A Justiça de São Paulo condenou, em segunda instância, o cantor Marcelo D2 a pagar R$10 mil ao ex-governador João Doria por uma publicação em que o chamou de “assassino”. O motivo da crítica de D2 remonta a 2019, quando nove jovens foram mortos durante uma brutal ação policial em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, episódio que ficou conhecido como o Massacre de Paraisópolis. À época, D2 não fez mais do que expressar a indignação diante da tragédia e apontar Doria como responsável pela matança, uma vez que era o governador e, portanto, chefe da Polícia Militar paulista.

A condenação imposta a Marcelo D2 é mais um capítulo da escalada autoritária que toma conta do país. O cantor está sendo punido por um crime de opinião. Criticou um político e, por isso, deve pagar. O cerceamento à liberdade de expressão já vem ocorrendo há anos para impedir a crítica aos poderosos.

O Diário Causa Operária também já foi alvo dessa política de censura, sendo condenado a pagar R$ 100 mil por uma crônica que incomodou João Doria. Agora, é a vez de Marcelo D2. Se um artista conhecido nacionalmente não pode expressar sua opinião sem sofrer represálias, o que dizer do cidadão comum? Estamos diante de um sistema que protege os políticos da burguesia e pune aqueles que ousam denunciá-los.

Outro caso escandaloso é o do secretário de Segurança do Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, que decidiu processar este Diário por ter sido chamado de “carniceiro” em uma matéria que denunciava sua atuação na repressão violenta contra os indígenas Guarani-Caiová. O secretário, ao invés de prestar contas sobre a política de violência promovida por sua pasta, recorre à Justiça para tentar calar a denúncia. Ou seja, enquanto a PM reprime, os tribunais cuidam de silenciar as vozes dissonantes.

O que está em jogo aqui não é a honra de Doria ou de Videira, mas sim o direito da população de criticar seus governantes. O Estado burguês, por meio de sua Justiça, está criando um perigoso precedente: qualquer um que ousar apontar o dedo para os responsáveis por massacres, repressão e outras atrocidades poderá ser processado e condenado.

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Last Update: 11/02/2025