Da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil)
O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, concedeu entrevista ao canal cubano “En la esquina roja” no Youtube na última segunda-feira (16).
Falando a um público que não se resumiu a Cuba, mas também a seguidores na Dinamarca, Argentina e na própria Palestina, Ualid apresentou os números chocantes do que chamou de “o genocídio mais grave da história da humanidade”.
Até o início da entrevista, haviam sido exterminados por “israel” em Gaza 56.840 pessoas (contando as mais de 11.000 desaparecidas, e certamente mortas, sob os escombros da destruição). Isso representa 2,55% da população de Gaza.
Se esse percentual fosse reproduzido no Brasil, seriam mais de 5,2 milhões de brasileiros exterminados no mesmo período de 436 dias da atual etapa do genocídio promovido por “israel”, iniciada em 7 de outubro do ano passado. Se fosse na Europa, seriam 19,3 milhões de pessoas assassinadas. Comparados à Europa da época da II Guerra Mundial, esses números chegariam a cerca de 100 milhões de pessoas, 30 milhões a mais do que morreram naquela guerra.
Ualid também comparou esses dados com o que teria acontecido se o genocídio fosse perpetrado por “israel” em Cuba: aquele percentual representaria 258 mil cubanos exterminados.
A revista científica The Lancet apresentou uma pesquisa recente que poderia elevar esses números a um patamar ainda mais chocante. Segundo os cientistas que analisaram a destruição infligida por “israel” a Gaza, poderia ter morrido até quatro palestinos por cada um que morreu segundo os dados oficiais. Isso significaria que seriam 229 mil mortos, em realidade (o que corresponderia a 10,3% da população). Se fosse no Brasil, seriam, portanto, 21 milhões de brasileiros, ou 77,7 milhões na Europa.
“israel” também assassinou, até ontem (16), incríveis 21.749 crianças palestinas, contando com as mais de 4.000 que agonizaram sob os escombros. São 9.770 crianças exterminadas por milhão de habitantes de Gaza, o que corresponde a 3,5 vezes mais do que o número de crianças mortas por milhão de habitante nos seis anos de guerra mundial na Europa dos anos 1940. Também corresponde a 4 mil vezes mais do que o número de crianças (ucranianas e russas) mortas na Guerra da Ucrânia e 26 mil vezes mais do que o total de crianças mortas em guerras pelo mundo entre 2019 e 2022.
Sionismo e nazismo
Ainda comparando os crimes de “israel”, patrocinados pelos Estados Unidos, com os da Alemanha nazista, Ualid respondeu a uma questão levantada pelo apresentador Gilo Fezzo. A decisão de limpar a Palestina etnicamente ocorreu mais de 40 anos antes do início da Segunda Guerra. Os sionistas, portanto, são os predecessores dos nazistas.
“O apartheid e a limpeza étnica na Palestina não têm nada a ver com o que ocorreu na Segunda Guerra”, disse o presidente da Fepal, refutando os argumentos dos sionistas de que o “estado de israel” foi criado para dar aos eurojudeus uma terra a fim de protegê-los da perseguição na Europa. “Tudo já estava planejado quase meio século antes. O I Congresso Sionista Mundial, de 1897, já havia tomado a decisão de roubar a Palestina e exterminar os palestinos.”
A obra “O Estado Judeu”, de autoria do fundador oficial do sionismo, Theodore Herzl, foi escrita 29 anos antes de Adolf Hitler escrever seu livro “Main Kampf”, e continha basicamente os mesmos fundamentos para a aniquilação dos palestinos (porque a Palestina foi o lugar escolhido para o projeto sionista pelo I Congresso Sionista Mundial) que os de Hitler para a aniquilação dos eurojudeus. “‘O Estado Judeu’ é o ‘Main Kampf’ sionista e Herzl é o Hitler do sionismo”, afirmou Ualid Rabah.
Ele também recordou números que não deixam dúvidas sobre quem está por trás do nazismo dos nossos dias. “Os Estados Unidos são os promotores do genocídio do povo palestino atualmente. Desde 1959, eles investiram 250 bilhões de dólares no genocídio (150 bilhões a mais do que o investido no Plano Marshall para a reconstrução da Europa no pós-II Guerra). Foram 430 mil dólares por palestino exterminado entre o 7 de outubro de 2023 e o 7 de outubro de 2024.”
Portanto, comentou, “os EUA são a Alemanha nazista dos nossos dias, e a ideologia nazista dos nossos dias é o sionismo.”
Os planos sionistas e a libertação da Palestina
O presidente da Fepal ainda destacou o extermínio de mulheres palestinas pelas forças genocidas de “israel”. Foram quase 13.000 mulheres palestinas mortas, uma parte delas ainda grávida quando foram assassinadas. A quantidade de abortos involuntários devido à campanha genocida “israelense” aumentou em 300% desde o 7 de outubro de 2023.
“É um plano de extermínio da capacidade reprodutiva da população palestina”, declarou. “É um plano para impedir que a sociedade palestina tenha a possibilidade de se reproduzir biologicamente. É um genocídio de novo tipo jamais visto na história da humanidade.”
A questão, para Ualid Rabah, é como os sionistas irão povoar, conforme seus planos, a integralidade da Palestina, caso consigam limpá-la etnicamente de sua população autóctone, uma vez que a própria Palestina, desde quando tomada, em 1948, segue tendo uma população judaica pequena, constituída em mais de 50% de árabes de fé judaica, não majoritariamente por euro-judeus, como era o plano, e considerando que atualmente não há mais judeus no mundo querendo habitar “israel”. Ao contrário, segundo Rabah, os israelo-judeus estão fugindo, retornando aos seus países de origem, especialmente europeus, ou indo aos EUA, Austrália e Canadá, algo até normal, porque não são da Palestina ou da região, não têm absolutamente nada a ver com aquela terra.
E quanto aos eventos em curso na região, especialmente na Síria, o presidente da Fepal enxerga uma tentativa de imposição do plano sionista do chamado (pelos sionistas) “grande ‘israel’”, que toma território do rio Nilo (Egito) ao rio Eufrates (Iraque) e limpa deles sua demografia originária árabe