Em vídeo divulgado nas redes sociais, policiais militares de São Paulo comemoram e cantam música sobre o Massacre do Carandiru. Nas imagens, um soldado do Choque aparece puxando a letra da música, enquanto outros repetem os refrões:
“Hoje eu te apresento o 1º Batalhão, aquele que acalmou a Casa de Detenção. 1992, logo pela manhã, o clima já era tenso. A caveira já estava sorrindo para os detentos. Lá só tinha lixo, a escoria da moral” – e continuam, exaltando o coronel responsável pela operação criminosa, Ubiratan Guimarães:
“Foi dado pista quente para derrubar geral. Bomba, facada, tiro e granada. Corpos mutilados e cabeças arrancadas. O cenário é de guerra, tipo Vietnã. A minha continência ao coronel Ubiratan. Vibra, ladrão, a sua hora vai chegar”
Por nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo afirmou que abriu uma investigação do caso.
“A Polícia Militar, assim que tomou conhecimento do vídeo, determinou a instauração de uma investigação, por meio do Comando do Policiamento de Choque. A conduta dos policiais que aparecem nas imagens não condiz com as práticas da Instituição e medidas cabíveis serão tomadas”.
O que foi o Massacre de Carandiru?
Em 2 de outubro de 1992, ocorria no Brasil a maior chacina contra os presos. A pretexto de combater uma rebelião na Casa de Detenção, Zona Norte da capital paulista, popularmente conhecido como Carandiru, o coronel Ubiratan Guimarães, coordenou uma operação que, segundos os dados mais conservadores, matou 111 presos desarmados. No rio de sangue ocasionado pelos policiais, 89 dos assassinados não haviam sido nem condenados.
O contrário do que afirmou o governador do estado da época, Luiz Antônio Fleury Filho, a rebelião no Pavilhão 9 não era uma rixa entre facções ou problemas violentos entre criminosos. Os presos se colocavam contra a tortura e as péssimas condições no presídio, onde habitavam cerca de 10 mil pessoas.
Após três décadas do ocorrido, os 74 policiais envolvidos, além de Fleury, que morreu sem ser condenado, nunca foram punidos. O processo foi adiado incontáveis vezes, com aval do Judiciário.
Não é segredo para a população brasileira que a Polícia Militar é fascista. No entanto, a instituição está sempre escancarando sua verdadeira função: massacrar a população pobre. No Brasil, a polícia é quem mais mata o povo.
Em São Paulo, palco do cenário bárbaro em que os policiais exaltam a chacina no Carandiru, sob Tarcísio cresceu em 138% o número de pessoas mortas pela PM. Apenas no primeiro trimestre, o Estado registrou 179 casos contra 75 durante o mesmo período no ano anterior. É o maior número de mortes em ações da PM desde 2020, quando o número chegou 218 no ano todo, conforme dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Apenas na Baixada Santista, alvo da Operação Verão, em que foram assassinados que já ultrapassou os 60 mortos. No entanto, os números não impressionam Freiras, que afirmou, ao ser questionado na ocasião, que ‘não está nem aí’.
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí” – afirmou o atual governador de São Paulo.
Os carrascos da população brasileira precisam ser denunciados tal como são: uns trogloditas fascistas que, em última instância, servem, exclusivamente, a burguesia! A segurança pública não é e nunca foi o objeto de trabalho da Polícia Militar, seu interesse é esmagar cotidianamente a população e conter a revolta dos oprimidos. A comemoração da chacina ocorrida em 1992 somada a eficiência da polícia em matar pobre, demonstra que a instituição não deve ser defendida por ninguém.