Agora mais do que nunca, setores da esquerda pequeno-burguesa defendem a política de que a burguesia imperialista seria forçada a defender a democracia contra o fascismo. Esse tipo de afirmação, no entanto, não se sustenta nem história, nem na conjuntura política atual.

O imperialismo não apenas não se coloca contra o fascismo, como faz dele uma ferramenta fundamental quando a manutenção do regime burguês sob as aparências da democracia se torna insustentável.

O fascismo não é uma opção política aleatória ou uma aberração histórica. Ele surge como uma resposta extrema da burguesia diante de crises agudas do capitalismo, quando a repressão parlamentar não basta para conter a luta de classes. Foi assim na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler. A burguesia os manteve na reserva até que a crise se aprofundou a ponto de torná-los a única solução viável para impedir a ascensão da classe operária.

A ascensão de Hitler exemplifica esse processo. Seu partido ganhou força nos anos 1920, mas a burguesia alemã só passou a vê-lo como uma alternativa viável em 1929, diante do colapso econômico que ameaçava sua hegemonia. O grande capital percebeu que o regime parlamentar não sobreviveria ao aprofundamento da crise e optou pelo fascismo como saída. Esse é o ponto central: a classe dominante recorre ao fascismo quando considera que não pode mais manter sua dominação dentro dos limites da democracia burguesa.

As ditaduras fascistas não são regimes de curta duração, mas soluções de longo prazo para crises profundas. Mussolini governou por duas décadas; Franco e Salazar mantiveram suas ditaduras por mais de quarenta anos. O fascismo não é uma simples manobra momentânea, mas uma declaração de guerra total contra a classe operária e suas organizações.

É um erro grave acreditar que a burguesia imperialista está comprometida com a defesa da democracia contra o fascismo. O próprio imperialismo é a fonte do fascismo. Hitler e Mussolini não foram anomalias, mas ferramentas do grande capital. O verdadeiro fascismo não se resume às figuras políticas que o encarnam, mas à própria ditadura dos bancos e monopólios sobre a classe trabalhadora.

A grande questão não é se o imperialismo permitirá o surgimento do fascismo, mas quando decidirá abandonar sua fachada democrática e recorrer a essa alternativa. A história mostra que, sempre que necessário, ele lançará mão dessa ferramenta para esmagar as massas trabalhadoras e manter sua dominação.

Diante disso, a única resposta possível é a organização independente da classe operária contra o imperialismo e sua máquina de guerra.

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Last Update: 03/03/2025