O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez um discurso emblemático na sessão solene no plenário, nesta quarta-feira (19), em homenagem aos 40 anos da redemocratização do Brasil.
No momento em que a bancada bolsonarista pressiona para que seja pautado o projeto de anistia aos condenados pelo ato golpista do 8 de janeiro, Motta deu sinais de que não vai atender aos apelos.
“Nos últimos 40 anos, não se vive mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais!”, discursou Motta ao lado do ex-presidente José Sarney, um dos homenageados.
O presidente da Câmara diz que a liberdade de que hoje desfrutam os mais de 200 milhões de brasileiros é resultado da “ação destemida dos que foram às ruas em defesa das Diretas Já e também do empenho incondicional de personagens fundamentais da nossa história”.
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Dessa forma, Motta homenageou Tancredo Neves, que foi um dos líderes da campanha Diretas Já e eleito pelo Colégio Eleitoral para assumir a presidência da República em 1985, mas morreu sem tomar posse. Também homenageou José Sarney, que era vice de Tancredo e assumiu o cargo.
“Um líder que, com sabedoria e determinação inabaláveis, soube conduzir o Brasil pelo delicado caminho da transição, garantindo que a esperança de uma nação inteira não fosse apenas um sonho, mas uma realidade palpável e livre de retrocessos”, disse o presidente da Câmara, referindo-se a Sarney.
“Nós, por um sistema de liberdade e de capilaridade, conseguimos que a sociedade brasileira, como um todo, se tornasse democrática. Abriram-se os sindicatos. Abriram-se as universidades. Abriu-se a imprensa. Abriram-se todos os clubes de associações de bairro. Ninguém tinha medo. O Brasil tornou-se uma democracia de massa, devemos ressaltar isso, aqui na Câmara dos Deputados, neste instante”, discursou o ex-presidente aos 95 anos.
Sarney afirmou que a democracia de massa é o grande legado da transição democrática. “Esse é o grande legado de Tancredo Neves. Esse é o grande legado da democracia, o legado de não somente restituirmos instituições democráticas. Não voltou somente o Congresso a funcionar na sua plenitude; não voltou somente a imprensa a funcionar em sua absoluta liberdade, mas também de começarmos a ser uma sociedade democrática. Mantivemos, com forças as mais divergentes, um país unido em uma transição que, como já se disse hoje, foi a mais bela e bem-sucedida de todas”, disse.