O álbum De Lua é um exemplo de maturidade musical, com melodias que Ná Ozzetti entregou para Luiz Tatit inserir as letras. Depois de mais 40 anos de parceria, eles resolveram lançar pela primeira vez um trabalho em duo só com composições próprias.
Selecionaram cinco músicas já gravadas em álbuns de Ná ou Tatit e outras cinco inéditas em disco. O resultado é um ótimo trabalho, que entra fácil na lista dos melhores do ano. Ná Ozzetti canta muito bem as riquíssimas letras de Luiz Tatit.
“Essa forma de interpretar vem dessa relação antiga. Me considero mais como intérprete do que como compositora. Componho esporadicamente, mas intérprete eu sou desde sempre”, diz Ozzetti em entrevista a CartaCapital. “Quando as canções ficam prontas, até esqueço que fui eu que compus, porque entro no espírito da intérprete.”
Ela também destaca o olhar de Tatit na hora de escrever as composições, uma forma “inédita” de abordagem, à base de “sacações”>.
O músico desenvolveu no repertório do disco temas existenciais, do cotidiano, com muita desenvoltura, clareza e sagacidade.
Na faixa-título, por exemplo, ele escreveu: “As estrelas eu nem sei/ Quais são, quem são/ Se vão crescer/ Se vão brilhar/ Se vão durar/ Ou explodir/ Ou apagar/ Enfim/ As estrelas são de lua”.
Na canção Et Cetera, outro uso acurado da palavra: “Nunca é demais/ Eu aproveito o que der/ Pode ser uma ilusão qualquer/ Ou o final de tantas frases/ Pois percebi/ O que penetra/ No coração/ Não é o total/ Nem principal/ É o et cetera”.
Ná Ozzetti e Luiz Tatit iniciaram a carreira no grupo Rumo, integrante do importante movimento Vanguarda Paulistana, do início dos anos 1980. A cantora e compositora conta que antes da pandemia os dois fizeram shows juntos em voz e violão.
“Nessa ocasião é que surgiu a ideia de fazermos um disco. Como não tínhamos pensado nisso antes? Então, a gente finalmente resolveu gravar juntos”, conta. “Ele é presente na minha trajetória e vice-versa.”
A produção musical do álbum De Lua é de Jonas Tatit e a realização geral, da Circus Produções Culturais e Fonográficas.
Assista à entrevista de Ná Ozzetti a CartaCapital: