Raí discursa em protesto contra extrema direita antes do 2º turno das eleições na França – Imagem: Reprodução

Por Leonardo Sakamoto

Mais uma vez a democracia francesa deu um chega-pra-lá na extrema direita, repetindo o que já fez em outras eleições. Uma coisa é divergir sobre a condução da economia de um país, outra é discordar da essência e dos princípios que mantém esse país unido.

Adotando uma estratégia de desistência em distritos onde o adversário democrata teria mais chance contra o candidato do extremista Reunião Nacional, a Nova Frente Popular, coalizão de esquerda, e a aliança do presidente Emmanuel Macron devem ficar em primeiro e segundo lugares na Assembleia Nacional.

A maioria dos macronistas não iria votar na extrema direita. Os fascistas ampliaram seu teto na França, mas não arrancaram o teto.

Ver a xenófoba e excludente extrema direita de Marine Le Pen cantar vitória antes da hora e dar de cara com as urnas deveria animar qualquer espírito democrata.

Ao mesmo tempo, o resultado indica a possibilidade real que as esquerdas têm caso superem suas diferenças e resolvam se unir.

Foi impressionante e inédita a união das agremiações desse campo ideológico em tempo recorde, tanto para formar a coalizão menos de dois dias após o anúncio surpresa de nova eleição feita por Macron, quanto para planejar taticamente as desistências entre o primeiro turno e o segundo junto com a direita democrática.

Em Portugal, a união das esquerdas gerou um governo que durou algum tempo. Vamos ver o que acontecerá na França caso a Nova Frente Popular consiga apontar um primeiro-ministro e mantenha uma coabitação com o Palácio do Eliseu.

Ressalte-se que a esquerda conseguiu chegar na frente, mas não teve maioria absoluta, portanto ainda resta ver que tipo de governo emergirá dos diálogos e negociações sobre composição na Assembleia. Macron já está tentando dividir o grupo, insinuando que pode levar seu partido a criar governo de coalizão com a esquerda desde que ela se separe de Jean-Luc Mélenchon, chefe do França Insubmissa.

As urnas também mostram o descontentamento com as políticas da direita liberal de Macron, em um país que sempre prezou pela força do Estado de bem estar social.

Emmanuel Macron – Foto: Reprodução

O receituário neoliberal global se esgotou, e o crescimento da extrema direita, reunindo e vocalizando a insatisfação daqueles excluídos pela globalização, é a prova disso.

Contudo, não são apenas xenófobos, racistas e fascistas da extrema direita que podem propor uma alternativa. Eleições como a da França criam uma oportunidade para as esquerdas refletirem, reinventarem-se e proporem novas políticas que resolvam a insatisfação através da inclusão, não do ódio e do medo.

Originalmente publicado no Uol

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 08/07/2024