
Joseph “Nana Kwame” Awuah-Darko, artista visual britânico-ganês de 28 anos, anunciou publicamente em dezembro sua decisão de solicitar a morte assistida na Holanda, país onde reside. Diagnosticado com transtorno bipolar e estresse pós-traumático desde os 16 anos, Joseph afirmou: “Agora, mais do que nunca, a possibilidade de morrer com dignidade importa”.
Em meio à longa fila de espera para a aprovação da eutanásia, criou o projeto The Last Supper, onde visita desconhecidos para compartilhar suas refeições favoritas. O projeto nasceu do desejo de viver conexões humanas mais profundas. Joseph já participou de mais de 100 jantares na Holanda, França, Bélgica e Alemanha.
“Quando você vê o interior de tantas casas e as diferentes maneiras pelas quais as pessoas as habitam, entende que o ato de alimentar é uma das realidades mais universais”, disse. O artista já foi até convidado por fãs, incluindo a cantora SZA, para participar de encontros fora da Europa.
Segundo ele, a ideia é baseada em três pilares: seu amor por gastronomia, um estudo da Universidade Harvard que relaciona felicidade à qualidade das conexões humanas e a simbologia das últimas refeições de prisioneiros no corredor da morte. Joseph atualiza os encontros em um diário virtual, com reflexões, receitas e playlists, tornando a experiência tanto afetiva quanto cultural.
A Holanda foi pioneira na legalização da eutanásia, que inclui pacientes com doenças mentais. O processo é complexo e envolve avaliações rigorosas de diferentes médicos e psiquiatras. Joseph relatou: “Você precisa passar por meses de testes com medicamentos e avaliações para garantir que o diagnóstico esteja correto. Não é um processo simples.”
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O artista afirma que pensa na eutanásia há cinco anos e que escolheu esse caminho por não responder aos tratamentos convencionais. Para ele, a morte assistida é uma alternativa menos traumática para os que ficam.
“Existe na eutanásia um senso de não-violência e algum tipo de encerramento para as pessoas que te amam, pois elas sabem que você partirá em paz”, explicou, mencionando que estará ao lado de um amigo que também terá a morte assistida em julho.
Em um mundo onde os transtornos mentais ainda são cercados de tabus, Joseph desafia os estigmas com transparência e afeto. “Se houver censura em torno de um tópico tão doloroso e complexo, como poderemos progredir?”, questiona.
Segundo dados recentes, 219 pessoas foram autorizadas a receber eutanásia por motivos psiquiátricos na Holanda em 2024, reforçando a necessidade de discutir com seriedade os limites da dor emocional.