Em audiência sobre cassação, Rosário lembra que a bolsonarista já teve pleno direito de defesa e afirma que anistia seria “absurdo”
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (10/9), audiência para analisar o pedido de cassação do mandato de deputada de Carla Zambelli (PL-SP). Presa em Roma desde o final de julho, a parlamentar bolsonarista aguarda decisão sobre extradição ao Brasil, após ser condenada a dez anos de prisão por invasão de sistemas de Justiça, porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma.
Na oitiva foram ouvidos por videochamada Carla Zambelli e Walter Delgatti Neto, hacker que está preso em Tremembé (SP). O depoente afirmou que a parlamentar o pediu para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ordenar a prisão, bloquear os bens e decretar a quebra do sigilo bancário do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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A sessão, que deveria se limitar a homologar a perda do mandato, já que a Constituição prevê a cassação automática em caso de condenação criminal transitada em julgado, acabou sendo transformada em um escudo para condenados da extrema-direita. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) criticou: “A Câmara não pode ser o biombo de bandidos, de figuras contra a democracia, contra a Constituição. O nosso trabalho aqui é proteger a democracia, e a CCJ não é instância de revisão do STF”, pontuou.
Projeto golpista
Rosário também lembrou que Zambelli já esgotou todas as instâncias de defesa no Judiciário e que a tentativa de reabrir o julgamento dentro da Câmara é apenas uma manobra de um projeto golpista. “Os casos pelos quais a ré foi condenada são gravíssimos: crimes comuns e contra a democracia. Ela é uma foragida, que desrespeitou a Câmara dos Deputados”.
Para a petista, os crimes da bolsonarista ultrapassam a esfera individual e atingem o coração das instituições. Maria do Rosário confrontou a alegação da extremista que se diz vítima de perseguição política. “Carla Zambelli tentou o assassinato político das instituições e da democracia. E o que fez é tão grave que, se tivesse conseguido, os nossos próprios mandatos não existiriam”.
Anistia é absurdo
Em seu pronunciamento, a deputada ainda questionou a insistência da extrema-direita em defender o indefensável revelando a lógica golpista que sustentou a bolsonarismo até aqui: “Anistia é absurdo. É preciso saber ganhar e perder uma eleição. Não tramando assassinato físico nem assassinato institucional”.
Ao concluir, Rosário defendeu que a cassação é a única resposta possível do Parlamento. “Quero que Carla Zambelli cumpra a totalidade da sua pena, para que sirva como exemplo. Quem senta nessas cadeiras deve ter a honradez de cumprir, de acordo com a Constituição e o Regimento, o seu mandato”.
Elisa Alexandre