
Seis meses após ser anunciado para “cortar quase um terço do orçamento federal”, o Departamento de Eficiência Governamental (Doge) não alcançou nem uma fração das economias prometidas. Elon Musk surpreendeu aliados no comício de Donald Trump ao declarar que reduziria “quase um terço” dos gastos, mas o site do Doge registra apenas US$ 170 bilhões em supostas economias — muitas infladas ou provenientes de contratos que já expiravam.
Durante o evento no Madison Square Garden, Musk havia sido pressionado por Howard Lutnick, secretário de Comércio, a moderar sua ambição: “O acordo era que ele iria [dizer que cortaria] US$ 1 trilhão (R$ 5,6 trilhões)”, afirmou Lutnick depois. A promessa de US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) acabou sendo encarada como um improviso.
Uma auditoria do Financial Times mostra que, dos US$ 170 bilhões anunciados, apenas US$ 31,8 bilhões vêm de contratos alterados — e foram verificadas apenas 6.700 mudanças. “Com toda probabilidade, o valor das economias apontadas pelo Doge é significativamente menor do que o que Elon Musk originalmente queria”, avalia Dominik Lett, do Instituto Cato.

Críticos lembram ainda que o Doge reivindica como economia parcelas de US$ 840 milhões em contratos já vencidos e US$ 289 milhões em acordos prestes a expirar. “O Doge não deve ser visto como um esforço muito bem-sucedido de redução de déficit”, reforça Lett, enquanto dados do Tesouro não indicam queda nos gastos federais.
Além de economias modestas, as demissões massivas custarão caro: a ONG Partnership for Public Service estima que a saída de servidores federais acarretará US$ 135 bilhões em perdas de produtividade neste ano. Estudos da Universidade de Yale mostram que corte de 7.000 funcionários pouparia US$ 6,9 bilhões, mas reduziria em US$ 64 bilhões a arrecadação tributária.
Diante do fiasco, Musk se desvinculou da gestão do Doge e passou a descrevê-lo apenas como “suporte técnico”. Questionado se a iniciativa funcionaria sem sua liderança, respondeu à imprensa: “Buda é necessário para o budismo?” — deixando claro que, sem ele no comando, a eficiência prometida dificilmente se cumprirá.
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