A presença de mulheres negras no mercado de trabalho segue abaixo da média, apesar do avanço na qualificação profissional.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que apenas 52% delas estão empregadas, enquanto a taxa entre os homens é de 75%. Entre as mulheres brancas, o percentual chega a 54%.
A discriminação racial é apontada como a maior barreira para o crescimento profissional.
Segundo a pesquisa, 52% das mulheres negras identificam o racismo estrutural como principal obstáculo ao acesso a oportunidades e à ascensão dentro das empresas.
Falta de oportunidades limita o avanço profissional
Além da discriminação, a falta de acesso a experiências de desenvolvimento profissional impacta o avanço das mulheres negras.
O levantamento mostra que 34% delas relatam dificuldades para obter mentorias e assumir funções de liderança, fatores que contribuem para a estagnação na carreira.
Alcione Balbino, especialista em diversidade e fundadora da Pretas Pardas Potentes, destaca a importância de ações concretas dentro das empresas para mudar essa realidade.
“Para garantir que as mulheres negras prosperem, é essencial que as empresas implementem políticas eficazes de diversidade, equidade e inclusão, promovendo ambientes mais inclusivos e criando oportunidades reais de crescimento”, afirmou Alcione.
Experiências pessoais refletem desafios estruturais
Com mais de 20 anos no mercado corporativo, Alcione já enfrentou essas barreiras em sua trajetória.
“No início, era uma prova por dia para mostrar o meu valor. Depois, era uma explicação por dia para justificar como conquistei aquela posição”, relembra.
A especialista reforça que mudanças estruturais são necessárias para garantir que mulheres negras tenham igualdade de oportunidades. Segundo ela, a criação de espaços que valorizem a diversidade é essencial para o avanço profissional dessas profissionais.
Caminhos para ampliar a representatividade
Para transformar essa realidade, Alcione defende a adoção de programas de capacitação, mentorias e o compromisso das empresas com práticas de inclusão.
“A transformação do mercado de trabalho depende de um esforço conjunto para que mulheres negras possam mostrar seu talento e ocupar os cargos que merecem”, ressalta.