
Por Agatha Azevedo
Da Página do MST
Neste mês de setembro, o Coletivo Raízes da Terra, que reúne mulheres acampadas e assentadas no Quilombo Campo Grande, regional do MST no sul de Minas Gerais, completa 14 anos de atuação na preservação da tradição do cultivo da camomila a partir do uso de sementes crioulas.
Entre os meses de maio e setembro, as mulheres organizam mutirões que conduzem todas as etapas da produção: da semeadura à colheita. Mais do que um trabalho agrícola, a prática resgata a ancestralidade e reafirma a tradição de uma semente que simboliza a emancipação financeira das mulheres da região.
“A camomila, por fora, traz sensibilidade e delicadeza, mas é um símbolo da resistência. É uma planta que sobrevive ao frio, às altas temperaturas e à seca, e se refaz, como nós, mulheres”, afirma Débora Vieira, do Setor de Saúde do MST.


Setembro marca o período da fartura e da colheita, momento em que o trabalho coletivo ganha forma e se transforma em resistência ancestral: cultivar a terra a partir da semente crioula.
Da colheita nascem diálogos, projetos, renda e participação popular. As mulheres produzem florais, escalda-pés, tinturas, sabonetes e outros itens de cuidado, garantindo sustento para seus lares e fortalecendo a economia local.
O cuidado com as ervas medicinais e a produção de fitoterápicos são práticas tradicionais no território, transmitidas pelas matriarcas ao longo das gerações. Nesse ciclo, colher camomila é também colher história de luta, resistência e organização.
*Editado por Fernanda Alcântara