Da Página do MST
A cantora mineira Titane lança o single “Madeira”, parte de seu novo álbum. A faixa, que estará disponível a partir do dia 21 de agosto nas principais plataformas de música e redes sociais da artista, marca uma parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A colaboração se materializa com a participação especial do Bloco Pisa Ligeiro, grupo formado na Escola de Arte João das Neves, uma iniciativa cultural do próprio MST em Minas Gerais.
A canção, composta por Sérgio Pererê, também conta com a participação do músico Paulo Santos, do grupo Uakti. O lançamento é acompanhado de um videoclipe com direção de Papoula Bicalho, que irá ao ar no canal de YouTube da cantora (@titaneoficial). O vídeo celebra a força e resiliência dos trabalhadores do campo, das cidades e das agroflorestas, destacando a cultura dos que se dedicam à terra.
A parceria entre Titane e o MST vai além da música. Ela é resultado de uma colaboração histórica entre músicos e artistas que culminou na fundação da Escola de Arte João das Neves. Criada em 2017, a escola é um espaço de formação artística e política, onde a luta pela terra e a cultura se unem.
A cantora relembra que o diálogo com o Movimento começou em 2016, durante a ocupação da Funarte em Minas Gerais. Desde então, a relação se aprofundou, resultando em cursos de arte e na criação do Bloco Pisa Ligeiro.
O bloco carnavalesco utiliza as enxadas como instrumentos de percussão, e nasceu do desejo do MST de construir um espaço de folia e arte popular para a comunidade Sem Terra. Lançado no carnaval de Belo Horizonte em 2020, o Pisa Ligeiro se tornou uma referência de formação artística e de organização popular, expressando a cultura e a luta do movimento.
“A arte é um lugar de protagonismo tanto do indivíduo quanto dos coletivos e comunidades. E o MST é formado por pessoas protagonistas por excelência. Seus integrantes são chamados cotidianamente a assumir as rédeas de suas próprias vidas, de sua história, de sua cultura. Trata-se da construção de uma nova cultura.”, afirma Titane. Para a artista, a escola e o bloco são oportunidades de construir novas linguagens artísticas a partir da cultura brasileira, valorizando a solidariedade e a busca por uma sociedade mais justa.
Gue Oliveira, militante do MST, reforça a importância da Escola de Arte como um espaço onde se cultiva uma dimensão sensível da luta. Segundo ela, “A música e o teatro feito pelo povo Sem Terra é uma projeção das muitas culturas populares brasileiras. Nas ‘místicas’ diárias realizadas pelo Movimento, diferentes formas estéticas se misturam com muita liberdade, e com uma ética precisa e declarada em defesa da vida”.
O novo álbum de Titane, tem previsão de lançamento para este ano. A cantora assina a produção musical ao lado de André Siqueira. Em 40 anos de lançamento do primeiro disco, a artista já gravou músicas inéditas de Chico César, Lenine, Luiz Tatit, Maurício Pereira, Edvaldo Santana, André Abujamra e canções de domínio público. E tem atuado na fronteira de gêneros, propondo diálogos e contrastes estéticos, entendendo-se como porta-voz de uma música brasileira fundada no interior de territórios culturais múltiplos e diversos.
