MST ocupa terra de latifundiário acusado de ter escravos em Goiás

Dando continuidade às iniciativas intensificadas de ocupação de terras durante o Abril Vermelho, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocupou na última segunda-feira (7), em Água Fria de Goiás (GO) uma área da Fazenda São Paulo, a qual, segundo o MST do Distrito Federal e Entorno (MST-DFE) foi adquirida ilegalmente e cujo terreno pertence, na verdade, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Em setembro de 2023, a Fazenda São Paulo foi autuada pela manutenção de trabalho escravos nas suas terras: cerca de 84 trabalhadores foram resgatados trabalhando em condições análogas à escravidão no cultivo de cebola dentro da propriedade.

A área ocupada pertencia originalmente a Antério Mânica, preso em 2023, acusado de ser o mandante do assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho em 2024, no episódio que ficou conhecido como “Chacina de Unaí”. Segundo o dirigente do MST-DFE Marco Baratto, a fazenda adquirida ilegalmente.

Após a ocupação da área pelo MST, a Polícia Militar de Goiás chegou ao local para forçar a reintegração de posse, sem mandado judicial, e passou a impedir a entrada de alimentação para a s famílias que ocuparam a terra.

 “É um absurdo despejar famílias que estão ocupando uma área que é pública, federal, adquirida irregularmente pela Fazenda, que não teve suas cláusulas resolutivas baixadas”, defendeu. “Essas glebas pertencem ao INCRA. É uma área pega com trabalho escravo, que não está nem dentro da fazenda, está dentro das glebas do assentamento. E estão ameaçando despejar, mesmo sem mandado judicial”, denunciou.

O dirigente do MST denunciou ainda que a Fazenda São Paulo tem assediado trabalhadores de assentamentos vizinhos para que vendam suas glebas de terras de forma ilegal:

“Essa forma de atuação é uma nítida estratégia do latifúndio para incorporar terras públicas de assentamentos e convertê-las em propriedades privadas, expandindo suas fronteiras agrícolas e assim seguir seu projeto de exploração da terra, da natureza e da força de trabalho do povo que vive no território”, disse.

Os camponeses cobram do INCRA e do governo Lula o assentamento imediato das famílias, a retomada das glebas públicas do Assentamento Terra Conquistada para a política de Reforma Agrária e a desapropriação da Fazenda São Paulo. Uma demanda que deve ser apoiada pelo conjunto da esquerda.

 

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