Ex-vereador “Inha”, de Ferraz de Vasconcelos, e cantor de pagode Latrell Brito, o “pagodeiro do PCC”. Foto: reprodução

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou uma nova denúncia contra o empresário Vagner Borges Dias, conhecido como “Latrell Brito”, por envolvimento em fraudes a licitações. Entre os acusados também estão o ex-vereador de Ferraz de Vasconcelos (SP), Flávio Batista de Souza, o “Inha”, e mais oito pessoas.

O grupo é apontado por operar um esquema que beneficiava empresas ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em concorrências públicas. De acordo com o Gaeco, “Latrell”, empresário e ex-pagodeiro, liderava o esquema criminoso. Ele está foragido desde abril do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Munditia.

A investigação revelou contratos fraudulentos que somavam R$ 200 milhões entre empresas do grupo e prefeituras de diversas cidades paulistas. Os promotores solicitaram uma nova ordem de prisão preventiva, argumentando que o empresário “tripudia da Justiça” e compromete as investigações.

MP denuncia ex-vereador, ex-secretária de Ferraz e pagodeiro do PCC por fraude à licitação
O pagodeiro Vagner Borges Dias, o ‘Latrell Brito’, apontado como o ‘cabeça’ do esquema do PCC em órgãos públicos. Foto: reprodução

Segundo a denúncia, os acusados falsificavam documentos e utilizavam laranjas para fraudar licitações, criando uma “competição artificial” e garantindo contratos por meio da corrupção de agentes públicos.

“Ao revés do interesse público que deveria pautar as licitações, os contratos administrativos estão ao dispor político e financeiro de organizações criminosas independentes, sujeitando o capital do Estado aos interesses do Primeiro Comando da Capital”, afirma o documento do MP-SP.

Os investigadores também indicam que o PCC intervinha na resolução de disputas entre empresas do esquema, decidindo qual delas ficaria com os contratos em caso de conflitos. “Mais que integrar e promover a organização criminosa, os denunciados relegam ao Primeiro Comando da Capital a administração e gestão das divergências em contratos de grande vulto com a Administração Pública”, destacou o MP-SP.

Troca de mensagens

A denúncia inclui trocas de mensagens entre “Inha” e “Latrell”, nas quais o ex-vereador cobra pagamentos diretamente ao empresário. Após renunciar ao mandato na Câmara de Ferraz de Vasconcelos, “Inha” foi solto em agosto.

Em outubro, seu filho, Ewerton Inha, foi eleito para o mesmo cargo do pai. O Gaeco apontou que o ex-vereador atuava como operador dos contratos fraudulentos, sendo o elo entre as empresas de “Latrell” e os agentes públicos. “Ao contrário do dever de fiscalizar o Executivo, era ‘Inha’ o elo da organização criminosa com os agentes públicos”, afirmou o órgão.

Outro envolvido, Ricardo Queixão, ex-presidente da Câmara Municipal de Cubatão, também aparece em conversas com “Latrell”, pedindo a liberação de pagamentos para comprar um terno para sua posse.

Segundo o MP-SP, o empresário transferiu R$ 2.000 para a esposa do legislador. Em depoimento, Queixão admitiu que recebia pagamentos mensais de R$ 5 mil. Ele renunciou ao mandato para responder ao processo em liberdade.

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Last Update: 15/01/2025