O Brasil registrou a primeira morte causada pela mpox, anteriormente conhecida como “doença dos macacos”, em 2022. No entanto, a situação tem se tornado cada vez mais preocupante. Nesta quarta-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou o comitê de emergência e declarou uma emergência global devido à propagação alarmante da doença na África.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África também declarou uma emergência de saúde pública em todo o continente. De acordo com a OMS, de janeiro de 2022 a junho de 2024, foram confirmados 99.176 casos da doença em 116 países, resultando em 208 mortes, segundo a Agência Brasil.
A mpox é uma zoonose viral, ou seja, uma doença infecciosa que pode ser transmitida de animais para humanos, causada pelo vírus da varíola dos macacos. Esse vírus pertence à mesma família da varíola humana, que já foi erradicada. A doença se manifesta com sintomas iniciais semelhantes aos de uma gripe, seguidos por lesões cutâneas que se espalham pelo corpo.
A doença foi identificada pela primeira vez em 1958 entre macacos de laboratório. O primeiro caso humano foi registrado em 1970, na República Democrática do Congo, e desde então, a doença tem sido considerada endêmica em algumas regiões da África. Somente em 2003 a doença foi registrada fora daquele continente, com um surto nos Estados Unidos.
Várias hipóteses estão sendo investigadas para entender o aumento recente nos casos de mpox. Entre elas, estão a possibilidade de mutação do vírus, a diminuição da proteção conferida pela vacina contra varíola humana, cuja aplicação foi suspensa há cerca de 40 anos, e a existência de novos nichos populacionais que favorecem a disseminação.
Existem diferentes variantes do vírus da mpox. A variante 1b, que está se propagando com maior intensidade na África Central, pode ter uma taxa de letalidade de até 10% entre crianças. Já a variante 2b, que se espalhou pelo mundo em 2022, apresenta uma letalidade inferior a 1%.
Os sintomas iniciais da mpox incluem febre, fadiga, dor de cabeça e dores musculares, seguidos por lesões cutâneas que aparecem principalmente na face e se espalham para outras partes do corpo. A transmissão ocorre por contato direto com lesões ou fluidos de pessoas infectadas, ou pelo contato com objetos contaminados.
Para reduzir o risco de infecção, é importante ficar atento aos sintomas, evitar o contato próximo com pessoas infectadas, limitar o número de parceiros sexuais, não compartilhar objetos pessoais e adotar medidas de higiene, como o uso de máscaras e a lavagem frequente das mãos.
O diagnóstico da mpox é feito por meio de testes laboratoriais, como o PCR, que detecta o vírus nas lesões cutâneas. O tratamento geralmente envolve cuidados paliativos, como hidratação e controle dos sintomas. Em casos mais graves, medicamentos antivirais, como o tecovirimat, podem ser utilizados.
A vacina contra a varíola humana oferece proteção cruzada contra a mpox, com eficácia de até 85%. Além disso, uma vacina específica para a mpox, conhecida como Jynneos, já está sendo utilizada em países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Alemanha para conter a disseminação da doença.
Embora o risco de morte seja baixo, a mpox pode ser fatal, especialmente em casos de infecções secundárias ou complicações graves, como encefalite. A letalidade varia de acordo com a variante do vírus e as condições de saúde do paciente.