O Ministério Público da Bolívia abriu uma investigação contra o ex-presidente Evo Morales, acusado pelo governo de “terrorismo” e outros crimes por ordenar bloqueios de estradas, informou nesta segunda-feira (9) o MP.
Um vídeo divulgado por um ex-dirigente próximo a Morales foi a base para a denúncia penal. Na gravação, ouve-se supostamente a voz do ex-mandatário instruindo um de seus seguidores a bloquear vias.
O procurador-geral do país, Roger Mariaca, informou em entrevista coletiva que “foi decidido admitir esta denúncia” e que “isso implica o início de uma investigação com controle jurisdicional”.
O governo, por meio do Ministério da Justiça, denunciou Morales na semana passada pelos crimes de “terrorismo, instigação pública à delinquência, atentados contra a segurança dos serviços públicos”, entre outros.
A lei prevê uma pena de 15 a 20 anos para o crime de terrorismo, o mais grave entre os citados.
Mariaca mencionou que os promotores e a polícia ativarão “todos os mecanismos de investigação” para que “essa denúncia possa ser esclarecida”.
Na semana passada, o ex-presidente, de 65 anos, acusou o governo de “forjar casos” para difamá-lo e negou a veracidade da gravação.
A Bolívia registra, há oito dias, dezenas de bloqueios que paralisam o centro do país, especialmente em Cochabamba, reduto político de Morales.
A empresa estatal Administradora Boliviana de Estradas registrou nesta segunda-feira 28 pontos de bloqueio em nível nacional.
Os “evistas” exigem a renúncia do presidente Luis Arce, a quem culpam pela crise econômica e por manipular as autoridades judiciais e eleitorais para excluir Morales das próximas eleições de agosto.
O líder cocaleiro está refugiado desde outubro passado na região produtora de coca do Chapare, já que também há contra ele uma ordem de prisão por um caso de tráfico de menor ocorrido durante seu mandato — acusação que ele nega.