
O Ministério Público de São Paulo solicitou esclarecimentos ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) sobre a moradia em um apartamento registrado em nome de uma imobiliária pertencente a um empreiteiro vencedor de contratos sem licitação com a prefeitura.
A investigação foi motivada por uma denúncia da deputada Tabata Amaral (PSB), após a publicação da matéria pela Folha de S.Paulo em dezembro de 2024. A promotora Karyna Mori, que já havia questionado Nunes no início de fevereiro, considerou as respostas insuficientes e, na quarta-feira (19), exigiu que o prefeito apresente comprovantes de pagamento do aluguel e do suposto crédito com a imobiliária.
O apartamento, localizado no bairro Jurubatuba, possui 266 metros quadrados e foi ocupado pela família de Nunes entre maio e setembro de 2022, durante a reforma de sua casa em Interlagos. Segundo o prefeito, as tratativas foram conduzidas por sua esposa, Regina, com a imobiliária Lopes Invest House, e ele só teria tomado ciência do acordo após sua concretização.
O valor total do aluguel foi de R$ 48 mil, sendo R$ 13 mil pagos por Nunes e R$ 35 mil pela imobiliária, pertencente à família de Ronaldo do Prado Farias. Farias já ocupou a direção da SPObras por indicação de Nunes e teve contratos com creches conveniadas da prefeitura.
O imóvel está registrado em nome da empresa Imóveis Ravello Ltda., de Fernando Marsiarelli, proprietário da empreiteira F.F.L. Sinalização Comércio e Serviços Ltda. Desde 2021, a F.F.L. obteve mais de R$ 600 milhões em contratos emergenciais com a prefeitura, sem licitação, para obras em pontes, viadutos e margens de córregos, conforme dados do Tribunal de Contas do Município (TCM).

Explicação de Nunes e prazos
Nunes alegou que a imobiliária quitou parte do aluguel para compensar uma dívida de R$ 35 mil. Durante a pandemia, a empresa deixou de pagar R$ 6 mil mensais por oito meses de aluguel de um imóvel pertencente a uma das empresas do prefeito, gerando um crédito utilizado para abater o valor da locação.
Em resposta às novas cobranças do Ministério Público, Nunes declarou: “Eu havia por iniciativa própria, sem conhecimento das dúvidas da promotora, enviado documentos (ata notarial, contrato, recibo) para o procurador-geral de Justiça do estado. Creio que só agora o documento que enviei chegou para ela”.
“Enfim, o que enviei foi de iniciativa própria, sem solicitação do MP, agora tomando conhecimento vou enviar os demais documentos e esclarecimentos solicitados”, completou o prefeito de São Paulo.
A promotora Karyna Mori também pediu à Lopes Invest House que explique as circunstâncias da disponibilização do imóvel. O prazo para a resposta é de 15 dias, com o objetivo de evitar a abertura de um inquérito e a marcação de uma audiência presencial.
Por fim, Nunes reforçou que nunca conversou com o proprietário do apartamento e que o contrato foi intermediado por sua esposa. “O que desmantela qualquer especulação – como temerariamente foi dito pela imprensa – de que sabiam quem seria o proprietário do imóvel”, concluiu o prefeito.
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