Secretário de Desenvolvimento Rural do RS, Ronaldo Santini, acenou com propostas concretas aos assentados. Foto: Rafa Dotti

Por Luís Carlos
Do Brasil de Fato | Porto Alegre

Entre as ações que integram a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária em Porto Alegre, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do RS (MST) se reuniram com representantes do governo estadual, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), nesta quarta-feira (24). Em pauta a cobrança para reassentamento de famílias atingidas pela enchente no estado e concretização de políticas públicas.

No final da manhã, enquanto centenas de integrantes do MST caminharam da frente do Incra até o Centro Administrativo (CAFF), representantes do movimento conversaram com o secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, sobre o reassentamento de famílias atingidas pelas enchentes na região Metropolitana. Segundo Santini, até sexta-feira (26) deve ser dada uma resposta.

O secretário disse que o governo do estado busca uma saída para a questão dos assentados não terem condições de retornarem para suas propriedades. “Dividimos essa preocupação porque também é uma preocupação do estado que as áreas que estão comprometidas não sejam mais ocupadas”, comentou.

“Saímos com uma avaliação positiva de diálogo e de compromisso. Acenou-se para algumas definições concretas em relação à reivindicação da terra, principalmente para o reassentamento imediato das famílias que foram atingidas pela crise climática”, afirma a dirigente nacional do MST no estado, Maria José.

Além do reassentamento das famílias atingidas, esteve em pauta a disponibilidade de novas áreas para o Programa de Reforma Agrária, a regularização de lotes no estado, um programa de habitação e o Plano Camponês, com a liberação de crédito para as cooperativas dos assentados.

“Outros temas da nossa pauta, como das estradas, da assistência técnica, da habitação, são decorrente exatamente dessa definição política em relação à terra. Porque não adianta nós avançarmos nas outras, na habitação, no crédito, se as famílias não souberem onde elas vão investir, onde elas vão morar”, completa Maria José.

Na tarde, os assentados dialogaram com os superintendentes do Incra, Nelson Grasseli, e do MDA no RS, Milton Bernardes, sobre a pauta nacional. O MST entende que muitos anúncios estão sendo feitos, mas pouca coisa chega na ponta.


Assentados foram recebidos na superintendência do Incra em Porto Alegre. Foto: Rafa Dotti

“A nossa pauta está focada ainda no ponto da terra, no ponto do crédito, da habitação, da assistência técnica e outros pontos, na questão das dívidas, que queremos discutir com profundidade. Temos outras demandas que são decorrentes dos prejuízos tanto das cadeias do arroz, como dos animais e das hortas, do público mais atingido pela enchente”, afirma Maria José.

Segundo ela, a pauta do movimento com o Incra e o MDA é um processo de negociação desde o ano passado, a partir da luta realizada em 16 de outubro, quando foi estabelecido um diálogo permanente.

Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, a Jornada Nacional por Alimento Saudável e Reforma Agrária iniciou com ação em Goiás, na terça-feira (23), e segue em diversas cidades do Brasil até sábado (27).
Em Porto Alegre, começou na manhã desta quarta, quando cerca de 800 assentados chegaram, por volta das 7h da manhã, na sede do Incra, onde pretendem ficar acampados até esta quinta-feira (25), Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural e do Dia Internacional da Agricultura Familiar.

Edição: Katia Marko

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Última Atualização: 24/07/2024