
No início de junho o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comunicou à deputada Julia Zanatta (PL‑SC) que pretende lançar seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL‑RJ), como candidato ao Senado nas eleições de 2026. O aviso foi feito por telefone e é parte de uma reestruturação política liderada pelo ex-presidente para ampliar a influência da família no Congresso.
A movimentação causou tensão interna no Partido Liberal, já que a mudança interfere diretamente nos planos de Julia Zanatta, que desejava disputar o Senado por Santa Catarina. Com o novo arranjo, ela foi orientada por Bolsonaro a tentar a reeleição como deputada federal. A parlamentar iniciou conversas com outros partidos, como PP e União Brasil, e avalia uma possível mudança de legenda.
Vale destacar o gesto de Carlos Bolsonaro que desafia o próprio clã e cogita uma candidatura ao Senado por São Paulo, o que escancara as rachaduras na estratégia política da família. A eventual disputa por outro estado também confronta a lógica partidária, já que ele é vereador no Rio e tem sua base eleitoral consolidada na capital fluminense.

A nova composição desenhada pelo ex-presidente inclui Carlos Bolsonaro na disputa ao Senado catarinense e Caroline de Toni (PL-SC) como vice ou em outra posição estratégica. A manobra, no entanto, provocou desconforto entre aliados e abriu uma disputa velada por espaços nas chapas majoritárias.
No Rio de Janeiro, Carlos não terá espaço, pois Flávio Bolsonaro tentará a reeleição ao Senado. Já em São Paulo, a previsão é que Eduardo Bolsonaro ocupe a vaga da família, salvo uma mudança de rumo em que seja escolhido para concorrer à Presidência da República.
Em meio à tensão, lideranças do PL se preocupam com a sobreposição de candidaturas da família Bolsonaro. Apesar dos esforços para manter a coesão familiar no jogo político, interesses pessoais e ambições individuais têm dificultado o consenso. A disputa por protagonismo entre os filhos de Jair Bolsonaro tende a influenciar diretamente as composições eleitorais nos próximos meses.