O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou nesta terça-feira (22) a suspensão de todas as reuniões de comissões da Casa até o fim do recesso informal. O despacho foi publicado no Diário Oficial da Câmara e atinge diretamente dois colegiados controlados por parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que haviam convocado reuniões para aprovar moções de apoio a ele.

As comissões de Segurança Pública e de Relações Internacionais tinham sessões deliberativas marcadas para esta terça. Na pauta, estavam requerimentos de “moção de apoio, solidariedade e louvor a Jair Bolsonaro”, conforme registrado oficialmente. Os colegiados são presididos pelos deputados Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Filipe Barros (PL-PR), ambos aliados próximos do ex-presidente.

A justificativa oficial de Motta para a suspensão das reuniões inclui as obras em curso nos corredores que abrigam as comissões. O anexo 2 da Câmara passa por reformas estruturais, como a troca do piso por granito preto e a instalação de painéis de madeira, com entrega prevista para antes da retomada formal das atividades.

Restrição ocorre em meio à mobilização bolsonarista

A convocação das comissões contrariava um comunicado anterior do próprio Motta, emitido na sexta-feira passada, reiterando o recesso de julho e a suspensão das atividades legislativas até 4 de agosto. A oposição vinha pressionando para que a pausa fosse interrompida como forma de reação às medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) contra Bolsonaro.

Mesmo com restrições judiciais — como proibição de postagens em redes sociais, uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno —, Bolsonaro era esperado para participar dos atos políticos de seus aliados no Congresso.

Na manhã desta terça, no entanto, o líder da legenda na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), confirmou que pediu a Bolsonaro que não comparecesse à Câmara. Ainda segundo o parlamentar, os advogados do ex-presidente devem questionar a decisão de Moraes que restringe a publicação de entrevistas nas redes sociais.

Mesmo com a Câmara em “recesso branco” — já que a LDO ainda não foi votada —, a decisão de impedir sessões reforça o controle da Mesa Diretora sobre os ritos legislativos e expõe o isolamento do PL em sua estratégia de reação às medidas do STF.

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Last Update: 22/07/2025