O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou a congressistas da oposição que a relatoria da CPMI do INSS poderá, sim, ficar com um nome ligado ao bolsonarismo, desde que esse nome não pertença ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A sinalização se deu na manhã de terça-feira 17, durante café da manhã entre Motta e deputados da oposição no apartamento funcional do deputado Zucco (PL-RS).
Motta justificou sua decisão com base em um critério de equilíbrio político. “O relator precisa ter independência para apurar, sem interesses partidários”, teria argumentado o presidente da Câmara na conversa com os deputados, conforme relato de presentes.
À CNN Brasil, o líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que o argumento de Motta é que a sigla não pode ficar com a relatoria, já que o PT não ficou com a presidência. “Ele [Hugo] argumentou que como no Senado a presidência não ficou com o PT, a relatoria não ficaria com o PL na Câmara, e sim com alguém do centro”, disse.
A declaração confirma que o comando da relatoria não será entregue ao principal partido da oposição, mesmo que o PL tenha sido um dos articuladores centrais para a criação do colegiado. O partido terá seis assentos entre os titulares da CPMI, mas não ocupará o posto responsável por redigir o parecer final.
Nos bastidores, nomes dos deputados Coronel Crisóstomo (PL-RO) e Coronel Fernanda (PL-MT) foram ventilados para a função, mas perderam força diante da resistência de Motta em entregar o cargo à legenda.
A presidência da CPMI, por sua vez, deve ficar com o senador Omar Aziz (PSD-AM), apoiado pelo governo. A escolha do relator cabe exclusivamente à Câmara.
Com a negativa ao PL, a expectativa agora recai sobre quem será o nome “de centro” escolhido por Motta. A movimentação indica um esforço do presidente da Câmara para evitar que a comissão seja transformada em campo de batalha entre Planalto e oposição.
A CPMI tem como foco investigar fraudes no INSS, que envolvem concessões irregulares de aposentadorias e benefícios assistenciais. A leitura do requerimento de instalação foi realizada ontem, em sessão do Congresso Nacional, e os trabalhos estão previstos para começar no segundo semestre.