O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou aos seus colegas deputados que o plenário da Casa não é ‘jardim de infância’ ao repreendê-los pelos gritos de ‘sem anistia‘ e ‘Lula ladrão’ na sessão desta quarta-feira 19. As manifestações dos parlamentares teriam impedido a análise dos projetos que constam da pauta legislativa.
A votação era conduzida pela deputada Delegada Katarina (PSD), terceira secretária da Mesa. A parlamentar pediu que os gritos cessassem, mas o apelo foi ignorado. Motta, então, assumiu o comando da sessão e aplicou a bronca, dizendo que não é ‘frouxo’ e não aceitará esse comportamento na Casa.
“Se vossas excelências estão confundindo esse presidente, como uma pessoa paciente, com o presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem. Aqui não é o jardim da infância, nem muito menos um lugar para uma espetacularização que denigra a imagem dessa Casa. Não aceitarei esse tipo de comportamento”, pontuou.
O presidente da Câmara ainda declarou que não permitirá que o clima de tensão entre oposição e governo ‘prejudique a convivência’ e prometeu denunciar ele mesmo os colegas ao Conselho de Ética caso eles sejam pegos desrespeitando uns aos outros.
“Não estou aqui para dizer o que cada deputado deve ou não defender, mas estou aqui para garantir que o regimento será cumprido, e o presidente saberá exercer o poder dessa presidência, se necessário for. Quem estiver aqui preocupado em agredir colega para aparecer, não terá dessa Presidência nenhuma complacência“.
Nesta terça-feira, após a Procuradoria-Geral da República denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais de 30 pessoas no bojo do inquérito do golpe, deputados bateram boca no plenário.
Em discurso pela liderança do governo, o deputado Rogério Correia (PT-MG) comemorou na tribuna afirmando que se tratava de um “dia feliz”. “É o dia que a gente comemora que a democracia vale mais que meia dúzia de golpistas”, afirmou.
A fala provocou a reação de deputados da oposição, que vaiaram e entoaram gritos pedindo a prisão de Lula. Governistas, por sua vez, apoiaram a comemoração de Correia com gritos pedindo a prisão de Bolsonaro.
O deputado José Rocha (União-BA), que presidia a sessão no momento, pediu ordem e recriminou as manifestações.