O Ministério Público de São Paulo denunciou, nesta quinta-feira, o motorista da Porsche que perseguiu e atropelou o motociclista Pedro Figueiredo em São Paulo, por homicídio doloso.
A denúncia assinada pela promotora Renata Cristina de Oliveira Mayer, do 3º Tribunal do Júri da Capital, é sigilosa, mas foi revelada pelo site UOL.
Mayer entendeu que o crime foi por “motivo fútil” porque o motorista do Porsche decidiu matar o motocicleta após “se irritar” por ter o carro danificado durante uma colisão de trânsito.
Para a promotora, o crime foi praticado com emprego de meio cruel, uma vez que Igor “acelerou o carro” na direção da motocicleta, atropelou e arrastou Pedro por alguns metros “provocando atroz e desnecessário sofrimento à vítima, além de revelar brutalidade fora do comum”.
A promotora ainda afirma que Pedro foi atropelado por um veículo em alta velocidade e que atingiu primeiro a parte de trás da motocicleta, o que dificultou qualquer reação por parte da vítima.
A denúncia também pede que seja estipulada uma indenização monetária destinada aos familiares de Pedro.
De acordo com o documento, a promotora não denunciou Igor pela lesão corporal da namorada, que estava no carro no momento do crime. A jovem sofreu ferimentos leves e optou por não representar judicialmente contra o companheiro.
Apesar de ter sido agredido por familiares da vítima que estavam no local, Igor também optou por não registrar o crime de lesão corporal. Ele tem seis meses para representar, medida necessária para abertura de um inquérito policial.
A denúncia apresentada pelo MP nesta quinta-feira segue agora para apreciação formal do juiz da 3ª Vara do Júri da Capital. O magistrado poderá receber a acusação, abrindo prazo para a defesa, ou arquivar o inquérito.
O crime, ocorrido na madrugada da segunda-feira, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, foi registrado por câmeras de segurança. Em imagens divulgadas, a motocicleta aparece completamente destruída após a colisão e o carro fica atravessado na avenida.
Em alta velocidade, as imagens flagraram o momento da batida entre o carro e a moto. O motorista saiu normalmente do veículo.
“Você matou o cara da moto por causa do retrovisor do seu carro”, disseram populares ao suspeito.
O acidente teria ocorrido após uma briga de trânsito. O motorista nega que tenha havido uma discussão.
Na delegacia, Igor declarou que teve o retrovisor quebrado por Pedro Kaique. Em depoimento, o empresário disse que o motocicleta estava na sua frente, mas mudou de faixa “abruptamente”. Ele explicou que tentou evitar a colisão torcendo o volante para a direita, mas que não conseguiu e atingiu a parte traseira da moto.
Para a polícia, Igor teve um “momento de fúria” e acelerou o carro, causando o acidente.
A Porsche usada no suposto crime tem débitos em aberto de mais de 24 mil reais referentes ao IPVA de 2024.
Na última terça-feira, a Justiça converteu a prisão em flagrante do motorista do carro de luxo em preventiva.
Para a juíza Vivian Brenner de Oliveira, ele teve conduta “delitiva de acentuada gravidade e periculosidade”.
“As imagens são claras e demonstraram que o indiciado utilizou o seu veículo como uma verdadeira arma, perseguiu a vítima e a atingiu”, afirmou a magistrada naquela ocasião.