As eleições municipais deste ano seguem polarizadas, como vimos nas eleições passadas.
Cada cidade irá expressar uma disputa entre candidaturas da direita supostamente contra a esquerda conciliadora. Desde o exemplo dos EUA, com a polarização entre Trump e agora Kamala Harris, passando pela recente vitória eleitoral da coalizão de esquerda na França. Vitória essa inclusive muito comemorada por Lula e outras organizações e movimentos sociais de esquerda no Brasil, como um exemplo a ser seguido para derrotar a extrema direita.
Campinas segue esse mesmo movimento. Temos duas candidaturas da direita, uma de Dário (Republicanos) e outra de Rafa Zimbaldi (Cidadania), contra a esquerda de Pedro Tourinho (PT). Tanto o atual prefeito quanto Rafa Zimbaldi apresentam um programa alinhado com os interesses dos grandes empresários, defendem as privatizações e vão continuar administrando a cidade para os setores mais ricos, retirando cada vez mais direitos dos trabalhadores. Para se opor a esses setores da direita e extrema direita, a maior parte das organizações de esquerda defendem a conciliação de classes, com os mesmos setores do empresariado e, muitas vezes, se alinhando inclusive com a própria extrema direita.
Vejamos o caso de São Paulo, onde Boulos (PSOL) tem como vice Marta Suplicy, que hoje retornou ao PT, mas que até dias atrás, fazia parte do governo municipal do bolsonarista e atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Mas não para por aí, Boulos também indicou um ex-comandante da Rota em sua equipe de preparar seu programa de segurança pública.
Essa fórmula mágica da conciliação não é nenhuma novidade. Lula que já teve em seu primeiro mandato o empresário José de Alencar, e hoje tem como vice Geraldo Alckmin, o mesmo que esteve à frente de duros ataques aos trabalhadores do estado de São Paulo, responsável, por exemplo, pela repressão as professoras, aos metroviários e aos moradores do bairro Pinheirinho em São José dos Campos.
Nós achamos que essa alternativa não só não combate a organização da ultradireita, como avança com projetos contra os trabalhadores. O governo Lula, por exemplo, é responsável pelo Arcabouço Fiscal e todo um projeto econômico que segue aprofundando o capitalismo no Brasil.
É por isso que defendemos nessas eleições a necessidade de fortalecer um campo de oposição de esquerda no país. Uma oposição ao projeto do bolsonarismo, mas também ao projeto da esquerda conciliadora do PT, PSOL e seus satélites. A única saída para romper esta espiral degenerada do capitalismo é fortalecer uma alternativa de independência de classe e socialista, que corresponda as necessidades dos trabalhadores contra esse sistema dominado pelos bilionários capitalistas.
Votar nulo em Campinas é fortalecer a ultradireita?
Campinas é uma cidade importante do estado de São Paulo, é a maior do Brasil fora de regiões metropolitanas de capitais de Estado e também é grande em desigualdade social e pobreza. Alguns poucos bilionários ficam com toda a riqueza produzida por milhares de trabalhadores de Campinas. Enquanto isso, esses mesmos trabalhadores vivem com péssimos empregos e baixos salários. Pagam caro pra morar e comer, enfrentam carência de serviços públicos básicos e transporte em péssimas condições. A passagem de ônibus, por exemplo, é uma das mais caras do país. Também é fácil perceber como a situação está cada dia mais difícil para o povo de Campinas ao vermos como tem aumentado a quantidade de moradores de rua. Enquanto isso, o prefeito Dario apresenta como solução culpar as prefeituras das cidades vizinhas.
Nós do PSTU achamos que, para enfrentar essa realidade de desigualdade social, para garantir aos trabalhadores o direito a moradia, ao transporte, a educação e a saúde, precisamos nos enfrentar com os interesses dos grandes capitalistas. Precisamos barrar as privatizações e terceirizações que só atendem aos lucros dos bilionários. Temos que colocar as grandes empresas a serviço de atender os interesses do povo trabalhador. E para isso, precisamos romper com o capitalismo, e colocar o poder político e econômico nas mãos da classe trabalhadora.
Em nossa opinião esse é o programa que toda organização de esquerda deveria estar defendendo nas eleições. Utilizar o período de maior debate político, para denunciarmos a farsa dessa democracia dos ricos e defender a construção de uma alternativa revolucionária e socialista.
No entanto, a política dos tais “setores progressistas” nos dizem que devemos defender o “voto útil”, ou seja, escolher o “mal menor”. Na prática, essas organizações apontam que devemos entrar no jogo capitalista, ou seja, defendem o mesmo projeto neoliberal que vai permanecer enriquecendo os bilionários e fatiando a miséria para os trabalhadores.
E é nesse sentido, que a candidatura em Campinas de Pedro Tourinho (PT) se apresenta. Em uma coligação com PSOL, PV, PCdoB, Rede e UP, e mais recentemente com a declaração de apoio do PCB, à candidatura de Tourinho, que apresenta uma proposta de “Mudança de Verdade” para Campinas, está colada ao governo Lula, para propagandear as verbas do governo federal para a cidade. Em seu programa de governo apresenta propostas em torno aos temas mais sentidos no dia a dia dos trabalhadores, como saúde educação e transporte. No entanto, não diz uma palavra sobre a lógica as privatizações e terceirizações.
No caso do transporte público, Tourinho defende até que irá rever as licitações do transporte, mas se não estatizar e colocar o controle nas mãos dos trabalhadores, na prática vão seguir defendendo o direito da máfia do transporte, dos tubarões da saúde e da educação cresceram sua riqueza à custa dos serviços básicos.
Nós do PSTU queremos mudar tudo que está aí. Romper com essa sociedade capitalista. E achamos que para isso, é necessário denunciarmos a farsa eleitoral dessa democracia dos ricos. Precisamos aproveitar esse momento de debate político para dizer que precisamos avançar na construção de uma alternativa socialista e revolucionária, sem aliança com os empresários.
Por isso estamos nessa eleição com a candidatura da Zu do PSTU, para apresentar um programa socialista e revolucionário, e chamar todos aqueles que querem discutir as saídas contra esse sistema capitalista que está empurrando o mundo para a barbárie a virem se organizar conosco. E defendemos o VOTO NULO para prefeito, por não defendermos a ilusão que o voto em representantes dos trabalhadores, que seguem de não dadas com os grandes empresários será uma alternativa para nossa classe.
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