O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que a Rússia está “pronta para negociações” sobre a Ucrânia, mas ressaltou que, antes de assinar qualquer acordo, a Rússia “analisará a redação muito cuidadosamente e protegerá esse documento de cláusulas repetidas, inescrupulosas, não vinculativas e interpretações maliciosas”.
Lavrov disse que o “chamado plano de Zelenskyy” tem “a forma distinta de um ultimato” e é “inaceitável, o que é bem conhecido por todos há muito tempo”.
Ele disse: “quando se trata de esforços de paz, por algum motivo todos estão falando sobre” a cúpula de paz da Ucrânia em Bürgenstock, em junho de 2024, e “ninguém está falando sobre as iniciativas da China, que foram várias no início deste ano e foram mencionadas ontem em seu discurso”.
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia disse: “se falarmos sobre a evolução de todo esse processo. Nos dizem que a Rússia deve se retirar para a fronteira de 1991. O problema é que fomos enganados o tempo todo. Se o acordo assinado pelo Presidente Yanukovych com a oposição tivesse sido implementado em fevereiro de 2014 – e consistia em criar um governo de unidade nacional e preparar para eleições presidenciais antecipadas – se fosse implementado, a Ucrânia estaria agora dentro das fronteiras de 1991”.
Ele disse: “se os Acordos de Minsk fossem cumpridos, a Ucrânia estaria dentro das fronteiras de 1991 menos a Crimeia. Porque ninguém sequer gaguejou sobre a Crimeia naquela época”.
Lavrov disse: “descobriu-se que também fomos enganados quando disseram que este acordo era o caminho para a paz. Ou não mentiram. Provavelmente, os negociadores ucranianos eram sinceros quando iniciaram este documento para endossar. Mas, como o principal negociador admitiu em uma entrevista recente na TV, Boris Johnson veio e os impediu de cumprir o acordo. Por isso nunca foi assinado”.
Ele disse: “levando em conta a triste experiência de conversar e consultar com o Ocidente e os ucranianos, o acordo que, espero, será alcançado em algum momento sobre a segurança europeia, e nesse contexto, a crise ucraniana será resolvida. Claro, analisaremos a redação muito cuidadosamente e protegeremos este documento de cláusulas repetidas, inescrupulosas, não vinculativas e interpretações maliciosas”.
Questionado sobre as próximas eleições nos Estados Unidos, o oficial russo disse: “foi durante a presidência de Trump que a guerra das sanções começou. Obama começou, para ser justo. Sob Trump, as sanções aumentaram, tanto econômicas quanto diplomáticas. Mas naquela época, como eu disse, havia um diálogo entre nós e Washington nos níveis mais altos e superiores. Não há tal diálogo agora”.
Lavrov está em Nova York coincidindo com a presidência russa do Conselho de Segurança e na terça-feira (16 de julho) presidiu uma reunião ministerial sobre “Cooperação multilateral no interesse de uma ordem mundial mais justa, democrática e sustentável”.