Em meio ao cerco prolongado e aos bombardeios incessantes, mais cinco pessoas morreram de fome em Gaza nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do enclave. Com isso, o número total de mortes por inanição chegou a 127, das quais 85 são crianças.

Os dados alarmantes emergem paralelamente a novos ataques israelenses que, somente desde o amanhecer deste sábado (26), mataram pelo menos 63 pessoas, incluindo 23 civis que buscavam ajuda humanitária.

Segundo fontes médicas ouvidas pela Al Jazeera, o número inclui vítimas de um ataque de drones a um acampamento em al-Mawasi e mortos por tiros próximos a um ponto de distribuição de ajuda no norte da Faixa de Gaza.

Hospitais colapsados e resgate ameaçado

A situação humanitária também se agrava com o colapso da infraestrutura. A Defesa Civil em Gaza alertou que seus veículos de resgate em breve não terão mais condições de operar, diante da falta de manutenção e combustível.

O bloqueio de entrada de suprimentos básicos e medicamentos tem consequências diretas sobre a vida de civis. O cirurgião britânico Nick Maynard, que trabalhou no Hospital Nasser no sul de Gaza, relatou cenas desesperadoras de crianças morrendo de desnutrição. “A fórmula alimentar necessária para recém-nascidos e bebês era extremamente escassa”, afirmou à Al Jazeera.

Maynard contou ainda que tentativas de levar leite em pó para Gaza foram interceptadas por guardas israelenses. “Médicos que conheço, dos Estados Unidos, tiveram suas caixas confiscadas na fronteira. Ouvi de muitas pessoas que isso aconteceu repetidamente. Parece haver uma intenção deliberada de impedir a entrada de ração infantil.

Lançamentos aéreos: “Distração perigosa”, critica ONU

O governo israelense chegou a anunciar que autorizaria lançamentos aéreos de alimentos. A medida, no entanto, foi duramente criticada pelo chefe da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, que classificou a ação como “uma distração cara e ineficiente que pode matar palestinos famintos”.

O ex-porta-voz da UNRWA, Chris Gunness, reforçou que Israel tenta desviar o foco da crise que provocou. “É uma narrativa completamente falsa… para tentar desviar a atenção do que está acontecendo”, disse à Al Jazeera.

Ele afirmou que, entre 16 e 22 de julho, o governo israelense negou, atrasou ou restringiu 79% dos pedidos de comboios de ajuda da ONU, mesmo com a fome se agravando no território.

Europa pressiona Israel por ajuda imediata

A gravidade da situação levou Reino Unido, França e Alemanha a divulgarem, nesta sexta-feira (25), um apelo conjunto pelo fim das restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. “A catástrofe humanitária que estamos testemunhando em Gaza deve terminar imediatamente”, diz o texto.

O comunicado responde a alertas da ONU e de organizações não-governamentais, que apontam para o risco iminente de fome generalizada no enclave. Os três países europeus pedem que Israel levante imediatamente as barreiras que impedem a entrada de alimentos, água, medicamentos e outros itens essenciais.

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Last Update: 26/07/2025