Morreu na segunda-feira 16, em Brasília (DF), o violonista e guitarrista Hélio Delmiro, aos 78 anos. Referência da música instrumental brasileira, o músico carioca enfrentava complicações decorrentes de diabetes e problemas renais.
Formado na escola de Baden Powell, a quem admirava, Hélio construiu sua trajetória com a mesma virtuosidade e expressividade do mestre. Na guitarra, trazia a influência de Wes Montgomery, referência do jazz.
Delmiro destacou-se como solista. Acompanhou nomes como Elis Regina, Tom Jobim e Sarah Vaughan, entre outros. Mas foi no cenário instrumental brasileiro que mais se afirmou, em colaborações com músicos como o saxofonista Victor Assis Brasil e o pianista Antônio Adolfo.
Ao longo da carreira, desenvolveu uma linguagem própria, marcada por sutilezas jazzísticas, e compôs choros, sambas e valsas. Um dos pontos altos de sua discografia é o álbum Samambaia (1981), em parceria com o pianista Cesar Camargo Mariano. O trabalho, considerado um marco da música instrumental brasileira, revela o rigor técnico de Delmiro, sempre em equilíbrio entre o erudito e o popular.
Seu último registro fonográfico é o álbum Certas Coisas, lançado no fim de maio. Nele, o cantor Augusto Martins interpreta 11 canções e apresenta uma inédita de Hélio Delmiro em parceria com Moacyr Luz, que assina a produção. O disco traz solos prolongados, improvisados e sutis — um alento aos ouvidos.
Respeitado por sua linguagem improvisada, complexa e refinada, Hélio conquistou espaço no circuito internacional do jazz. Gravou, por exemplo, o álbum Symbiosis (1999) ao lado do pianista americano Clare Fischer.