Morreu nesta quinta-feira 15 o fazendeiro e ex-político Antério Mânica, condenado por ter sido um dos mandantes da chamada Chacina de Unaí, em Minas Gerais, em 2004, quando três auditores fiscais do trabalho e um motorista foram mortos antes de uma ação de fiscalização de trabalho escravo em fazendas da cidade.
Segundo a prefeitura de Unaí, Mânica estava internado em Brasília para tratamento de um câncer no pâncreas. Ele tinha 70 anos e sofria, também, com diabetes e hipertensão. Ele passou recentemente por cirurgia após uma queda no hospital.
Nascido no Rio Grande do Sul, Mânica era empresário do agronegócio. Conhecido como “Rei do Feijão”, se tornou uma das pessoas mais influentes da região de Unaí, e foi eleito prefeito da cidade mesmo após a chacina, ainda em 2004, tendo sido reeleito em 2008.
Foi condenado em 2015, a mais de 100 anos de prisão. A Justiça chegou a anular a condenação e determinar novo julgamento. Em 2022, voltou a ser condenado – então a 64 anos de prisão, com direito a recorrer em liberdade.
A chacina
O crime aconteceu em 28 de janeiro de 2004. Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, auditores fiscais do trabalho, e Ailton Pereira de Oliveira, motorista, foram mortos a tiros antes de uma ação em fazendas de feijão na zona rural de Unaí, após denúncias de contratações irregulares de trabalhadores.
Além de Antério, o irmão dele, Norberto Mânica, também foi condenado como mandante do crime, que se tornou referência da luta contra o trabalho escravo no Brasil.