O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira 18 a prisão preventiva do coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL). A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República e se baseia no descumprimento de medidas cautelares e na tentativa de obstrução das investigações sobre a trama golpista pelo Supremo.
Câmara já havia sido preso preventivamente em fevereiro de 2024, mas ganhou liberdade provisória em maio daquele ano, mediante o uso de tornozeleira eletrônica e com a proibição de manter contato com outros investigados ou de usar redes sociais. Segundo Moraes, as condições foram violadas.
Câmara utilizou seu advogado, Eduardo Kuntz, para entrar em contato com o tenente-coronel Mauro Cid, delator central da organização golpista. As conversas ocorreram por meio do perfil GabrielaR702, no Instagram, e envolveram críticas de Cid ao acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal. Parte dessas mensagens foi revelada pela revista Veja e incluída pela defesa de Câmara em sua peça de defesa prévia.
O advogado afirma que foi procurado por Cid, com quem conversou por chamada de vídeo e até se encontrou pessoalmente. Nas mensagens, Cid teria dito que sofreu pressão para admitir a existência de um plano de golpe, algo que, segundo ele, não condiz com a realidade dos fatos. Com base nessas falas, a defesa de Câmara pediu ao STF a anulação da delação de Mauro Cid.
Contudo, Moraes entendeu que a conduta de Câmara foi “gravíssima” e apontou “tentativa deliberada de obter informações sigilosas com o objetivo de interferir no andamento do processo”. A atuação do advogado, segundo o ministro, extrapolou os limites legais da advocacia, e ambos agora são alvo de um novo inquérito por obstrução de justiça.
O ministro também solicitou à Meta os dados do perfil usado para o contato com Mauro Cid.