
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal ouça os advogados Fábio Wajngarten e Paulo Costa Bueno em até cinco dias, após identificar indícios de que eles teriam tentado obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão foi tomada com base em documentos entregues pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso. Segundo os autos, Wajngarten, que deixou a defesa de Bolsonaro em julho de 2024, teria feito uma “intensa tentativa” de contato com a família de Cid, incluindo ligações para sua filha menor de idade e sua esposa, Gabriel.
Já Paulo Costa Bueno, outro advogado citado, teria “cercado” a mãe de Cid, Agnes, em eventos na Hípica de São Paulo, “no sentido de demover a defesa então constituída” pelo militar.
De acordo com as investigações, Bueno estava acompanhado de Eduardo Kuntz, advogado do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro que já está preso por supostamente atrapalhar as apurações.

Pressão sobre família de delator
Kuntz, que também é alvo de investigação, afirmou ao STF ter sido o interlocutor de Cid em uma série de mensagens divulgadas pela revista Veja. No entanto, a defesa de Cid apresentou à PF conversas em que o advogado teria “procurado insistentemente” a filha menor do tenente-coronel pelo WhatsApp.
Segundo os registros, Kuntz tentou convencer a adolescente a apagar as mensagens e, em outro momento, pediu que ela articulasse um encontro em um local que o pai considerasse “seguro e confortável”.
As condutas foram consideradas suspeitas por Moraes, que afirmou em sua decisão: “as condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”.
Além de ouvir os advogados, a PF foi incumbida de analisar os dados armazenados no celular da filha de Cid para verificar a extensão das interferências nas investigações.