O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, corrigiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o interrogatório da ação que apura a trama golpista. O ex-capitão é réu no caso e depõe na tarde desta terça-feira 10.
Bolsonaro, durante o depoimento, afirmou ter dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas. Para sustentar sua afirmação, ele distorceu o conteúdo de um inquérito sigiloso da Polícia Federal que apura uma suposta atuação de hackers em computadores da Justiça Eleitoral.
“Se não houvesse essa dúvida sobre o sistema eleitoral, com toda a certeza não estaríamos aqui hoje”, disse Bolsonaro logo após alegar, erroneamente, que hackers teriam tido acesso a código-fonte das urnas e insinuar que votos poderiam ter sido modificados.
Moraes, após ouvir a resposta, esclareceu que o objeto da investigação seria uma possível captura de banco de dados de servidores dos tribunais eleitorais, sem qualquer relação com os sistemas de votação ou com as urnas eletrônicas.
“Na verdade, não há qualquer dúvida sobre o sistema eletrônico e esse inquérito não tem nada a ver com as urnas eletrônicas. Sua defesa vai poder esclarecer, porque ele já está juntado aos autos”, corrigiu Moraes.
Mais adiante, porém, Bolsonaro voltou a insinuar que o inquérito apontaria vulnerabilidade no sistema de votação. Disse, neste ponto, estranhar que a investigação tenha se tornado sigilosa após ele mencionar o tema em uma transmissão ao vivo.
“Mesmo que seja um outro foco, um inquérito, no dia seguinte a minha declaração, ser classificado como confidencial…a gente fica um pouco surpreso com isso”, disse o ex-presidente.