O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, aceitou o pedido da defesa do general Walter Braga Netto e marcou a acareação com o tenente-coronel Mauro Cid para a próxima terça-feira 24 às 10h. A decisão foi publicada nesta terça-feira 17 e também prevê a acareação entre o ex-ministro Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes.
Braga Netto e Cid, réus pela trama golpista, apresentaram versões diferentes sobre o plano de ruptura. Diante do conflito, os advogados do general pediram que os dois fossem colocados frente a frente para esclarecer as contradições.
A defesa do ex-ministro de Jair Bolsonaro tem alegado que Cid mentiu na delação e no interrogatório no STF ao citar Braga Netto como um dos financiadores e mentores da tentativa de golpe. A aposta dos advogados é que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não irá sustentar a versão ao ficar frente a frente com o general.
Moraes, na decisão, determinou que Braga Netto seja levado a Brasília para a audiência. O militar está preso desde dezembro do ano passado no Rio de Janeiro e tem prestado depoimentos por videoconferência.
Para se deslocar, no dia 23, ele deverá usar tornozeleira eletrônica e informar onde ficará hospedado. Segundo a decisão, enquanto estiver na capital federal, Braga Netto não poderá receber visitas ou conversar com outras pessoas que não sejam os advogados. Ele voltará à prisão no Rio logo após a acareação.
Torres x Freire Gomes
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres ficará frente a frente com o ex-chefe do Exército Freire Gomes às 11h do dia 24. A ideia, assim como no primeiro caso, é esclarecer contradições nas versões apresentadas durante a investigação. O pedido foi feito pela defesa do ex-ministro.

O ex-comandante do Exército Freire Gomes passará por acareação com o ex-ministro Anderson Torres.
Fotos: Alan Santos/PR e Ton Molina/STF
Torres, vale dizer, é réu pela trama golpista e foi apontado como um dos articuladores da trama golpista. Uma versão do documento foi encontrado sobre a sua posse em uma operação da Polícia Federal.
Freire Gomes, por sua vez, não é réu no caso e participou das investigações apenas como testemunha. Ele teria se negado a participar do golpe e ameaçado prender Bolsonaro se o ex-capitão seguisse adiante com a empreitada. Durante o depoimento, o general mencionou a participação do ex-ministro em reuniões de teor antidemocrático.
A defesa de Torres também foi autorizada a juntar ao caso uma perícia da minuta golpista para tentar demonstrar que o conteúdo da minuta encontrada na casa do ex-ministro “não tem qualquer semelhança com os demais documentos supostamente antidemocráticos mencionados durante a instrução”.