Moraes abre inquérito contra Zambelli por obstrução de Justiça após fuga

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou, nesta quarta-feira 4, a abertura de um inquérito da Polícia Federal para investigar se a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) tenta, por meio de sua fuga ao exterior, obstruir a apuração sobre a invasão a um sistema do Conselho Nacional de Justiça.

O inquérito avaliará a possível prática dos crimes de obstrução de Justiça e coação no curso do processo. Em maio, por 5 votos a 0, a Primeira Turma sentenciou a bolsonarista a dez anos de prisão e à perda do mandato.

No entendimento de Moraes, a deputada pretende adotar o mesmo modus operandi do deputado federal Eduardo licenciado Bolsonaro (PL-SP) para a “prática de condutas ilícitas”.

O filho de Jair Bolsonaro (PL) também está nos Estados Unidos e é alvo de um inquérito pela suspeita de incitar o governo de Donald Trump a adotar medidas contra Moraes e outras autoridades brasileiras.

Na mesma decisão, Moraes determinou que Zambelli preste depoimento à PF em até dez dias. A oitiva poderá ser por escrito. A corporação também terá de monitorar e preservar o conteúdo publicado nas redes de Zambelli ou de pessoas ligadas a ela que “guarde pertinência com esta investigação”.

Além disso, o magistrado solicitou ao Banco Central a lista de pessoas que enviaram valores por meio de Pix para a parlamentar, que fez uma “vaquinha” na internet após ser condenada pelo STF.

Mais cedo nesta quarta, Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli e ordenou que a PF realizasse os procedimentos necessários para incluir a parlamentar na lista de difusão vermelha da Interpol, “para viabilizar o competente pedido de extradição”. A solicitação chegou à organização horas depois.

Ao expedir a ordem, o ministro afirmou que a jurisprudência do Supremo “é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal”.

No caso de Zambelli, escreveu, é inequívoca a natureza da “viagem” ao exterior: escapar da aplicação da lei, em razão da proximidade do julgamento do recurso da defesa da deputada contra a condenação — a Primeira Turma começará a analisar os embargos de declaração nesta sexta-feira 6.

Conforme a denúncia da PGR no caso da invasão a um sistema do CNJ, o hacker Walter Delgatti violou indevidamente mecanismos de segurança e acessou dispositivos informáticos do conselho sob o comando de Zambelli.

Durante a ação criminosa houve a inserção de documentos falsos, como um mandado de prisão contra Moraes. Zambelli e Delgatti foram a julgamento pelos crimes de falsidade ideológica e invasão a sistemas da Justiça.

Em seu voto, Moraes afirmou ser “completamente absurda a atuação vil de uma deputada federal, que exerce mandato em representação do povo brasileiro, e de um indivíduo com conhecimentos técnicos específicos, que causaram relevantes e duradouros danos à credibilidade das instituições”.

Artigo Anterior

STF marca julgamento de recurso de Zambelli contra condenação

Próximo Artigo

Golpista foragido Paulo Figueiredo oferece ajuda para Zambelli ficar nos EUA

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!