Moeda dos BRICS poderá abalar a hegemonia do dólar

Os debates em torno da volatilidade da cotação do dólar levaram o BRICS+ a considerar o lançamento de uma moeda oficial para suas negociações, o que pode acontecer ainda em setembro.

Um dos pontos que levou o debate em torno do tema envolve a insegurança gerada pelo dólar norte-americano em momentos de instabilidade, afetando o comércio entre nações que não seguem a política externa dos Estados Unidos. Esse cenário reforça a necessidade de alternativas financeiras mais autônomas.

Caso o plano se concretize, a estratégia dos países emergentes poderá redefinir o comércio internacional e inclusive abalar a hegemonia do dólar nas negociações globais.

Um projeto de moeda independente chegou a ser pautado em cúpulas anteriores do bloco, mas a ideia ganhou força diante da atual política externa norte-americana imposta por Donald Trump em seu segundo mandato presidencial.

Além disso, o alto custo e o longo tempo de finalização das transações tornaram o SWIFT um sistema cada vez menos confiável, principalmente depois que Washington passou a usar a ferramenta como forma de pressão geopolítica.

O BRICS em números

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB do BRICS já representa cerca de 40% da economia global, enquanto o G7, em retração, concentra apenas 28%.

Ainda segundo o Fundo, os países do BRICS reúnem mais de 40% da população mundial e desempenham papel decisivo no fornecimento de energia, alimentos e minerais estratégicos.

A diferença no desempenho econômico recente é clara: em 2024, o G7 cresceu apenas 1,7% e deve avançar 1,2% em 2025, contra médias de 4% e 3,4% apresentadas pelo BRICS, respectivamente.

Impactos e perspectivas

Para Rodrigo Cezar, professor de Relações Internacionais da FGV, países como Brasil e Índia
têm se beneficiado por estarem afastados de áreas de conflito, o que os torna polos atrativos para a estruturação de novos fluxos comerciais, especialmente em alimentos e grãos.

Contudo, nações mais expostas a tensões geopolíticas, como Rússia e Irã, tendem a impulsionar seu crescimento por meio de investimentos internos em infraestrutura e indústria, buscando garantir estabilidade doméstica. Ainda que motivado por fatores defensivos, esse movimento contribui para manter o desempenho positivo do bloco como um todo.

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