Convocada pela Frente em Defesa do Povo Palestino – São Paulo, juntamente com mais de 30 organizações da sociedade civil brasileira, bem como da comunidade árabe-palestina e islâmica, aconteceu no último domingo, 15 de junho, um ato histórico em São Paulo, o maior dos últimos 20 meses de genocídio do povo palestino em Gaza.

Soraya Misleh, coordenadora da Frente Palestina-SP, abriu o ato, enfatizando a situação em Gaza, em que nos últimos 20 meses, conforme pesquisadores da Universidade de Edimburgo, Israel matou mais de 300 mil palestinos, 70% mulheres e crianças. “Enquanto estamos aqui, bombas continuam a cair sobre as cabeças de crianças, mulheres, homens nesse verdadeiro holocausto palestino em que Israel busca a solução final na contínua Nakba, a catástrofe palestina que já dura mais de 77 anos”, disse. Ela destacou que o apelo do povo palestino é por isolamento internacional e, portanto, é tarefa central da solidariedade exigir que Lula rompa relações com o estado genocida:

“Basta de genocídio na Palestina! Lula, rompa relações com Israel já!”

Segundo os organizadores, a estimativa é de que cerca de 50 mil pessoas participaram da manifestação. Com concentração na Praça Roosevelt e passeata até o Pacaembú, o ato amplamente unificado teve como mote “Basta de genocídio na Palestina! Lula, rompa relações com Israel já!”.

A manifestação denunciou o verdadeiro holocausto palestino perpetrado por Israel e exigiu a ruptura imediata de relações comerciais e diplomáticas com o estado sionista, o que inclui embargos energético e militar.

Além das palavras de ordem “Estado de Israel, Estado assassino, e viva a luta do povo palestino” e “Do rio ao mar, Palestina livre já”, entre outras, “Governo Lula, eu quero ver, a ruptura com Israel acontecer” foi uma das que dominaram o ato.

Entre os presentes, o ativista brasileiro Thiago Ávila, sequestrado por Israel após o ataque à Flotilha da Liberdade, parlamentares, artistas, intelectuais e personalidades. O PSTU se somou tanto à convocatória quanto ao protesto.

“Para gente poder equilibrar a força, a desigualdade contra a máquina militar do Estado genocida de Israel, fortalecendo a resistência palestina, só mesmo com o povo na rua em todo o mundo para obrigar os governos a romperem com o Estado genocida, enfraquecendo o regime sionista e fortalecendo o povo palestino”, falou Zé Maria de Almeida, pelo PSTU, lembrando da tarefa fundamental de exigir do governo Lula a ruptura de todas as relações com Israel.

O ato público acompanhou a Marcha a Gaza, em que ativistas tentavam chegar, a partir do Egito, a Rafat, sul de Gaza, e romper o cerco criminoso que impõe a fome e a sede aos mais de 2 milhões de habitantes palestinos como parte do genocídio. A ditadura egípcia impediu a marcha, chegando a reprimir, prender e deportar centenas de ativistas de vários países.

Compuseram a delegação brasileira, entre outros, Fábio Bosco e Herbert Claros (PSTU/LIT-QI e CSP-Conlutas), Magno de Carvalho e Bruno Gilga (Sintusp), além de um dos coordenadores da Frente Palestina-SP, Mohamad El-Kadri, que é presidente do Fórum Latino-Palestino.

No encerramento do grande e emocionante ato, um jogral com o poema de resistência “Inimigo do Sol”, do poeta palestino Samih al Qassim.

Leia o poema abaixo:

Inimigo do Sol
(Samih al-Qasim)

Posso – se quiseres – perder o meu sustento.
Posso vender a minha camisa e a minha cama.
Posso trabalhar como cortador de pedras,
varredor de rua, carregador.
Posso limpar os teus armazéns
ou revirar o teu lixo em busca de comida.
Posso deitar-me com fome,
ó inimigo do sol,
mas
não me comprometerei.
E até à última pulsação das minhas veias
resistirei.

Você pode tomar o último pedaço da minha terra,
Alimentar as celas da prisão com minha juventude.
Você pode saquear minha herança.
Você pode queimar meus livros , meus poemas
Ou alimentar os cães com minha carne.
Você pode espalhar uma teia de terror
Nos telhados da minha aldeia,
ó inimigo do sol,
Mas
eu não me comprometerei
E até o último pulso em minhas veias
eu resistirei.

Pode apagar a luz dos meus olhos.
Pode me privar dos beijos da minha mãe.
Pode amaldiçoar meu pai, meu povo.
Pode distorcer minha história,
Pode privar meus filhos de um sorriso
e das necessidades da vida.
Pode enganar meus amigos com um rosto emprestado.
Pode construir muros de ódio ao meu redor.
Pode colar meus olhos às humilhações,
ó inimigo do sol,
mas

Não me comprometerei
E até a última pulsação em minhas veias
resistirei.
Ó inimigo do sol
As decorações estão hasteadas no porto.
As exclamações enchem o ar,
Um brilho nos corações,
E no horizonte
Uma vela é vista
Desafiando o vento
E as profundezas.
É Ulisses
Retornando para casa
Do mar da perda

É o retorno do sol,
Dos meus exilados
E por ela e por ele
eu juro que
não vou me comprometer
E até o último pulso em minhas veias
eu vou resistir,
Resistir — e resistir.

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Last Update: 19/06/2025